Sempre tive alguma dificuldade em juntar a voz a quem se masturba a carpir mágoas, a quem se senta na ombreira da porta a reclamar do fado e da vida, sem ousadia de ter a capacidade de enfrentar o vento triste!
Trago hoje um exemplo de Évora que merece o meu mais efusivo abraço: penso que lhe chamam as sextas-feiras contra a crise ou similares e, na prática, são um conjunto de descontos em produtos e serviços, às sextas como o leitor mais erudito já apreendeu, que, cientes de que o tuga adora tudo o que é grátis e tem desconto *, procuram contrariar os declínios de quem padecem os centros históricos, de quase todas as cidades do país!
Bem que por cá é mais divertido coçar os catrogas a culpar os chineses - antes eram os ciganos - do que imovar e ter imaginação de ousar correr riscos, mas, iniciativas como a de Évora, rever os horários de abertura pensando no sábado de tarde - pelo menos - desconto nos parques de estacionamento, animação de rua e qualquer outra iniciativa sem ser a tolice de colocar toldos na rua das lojas, são iniciativas que podem ajudar a minorar os graves dramas do comércio tradicional! E o trânsito, porque, foi essa mania das cidades verdes que matou muito do que era tradicional!
Apoiado ! Concordo que os toldos são uma tolice, para além de que devem custar uma fortuna.
ResponderEliminarQuanto ao exemplo de Évora, fica mais uma vez provado que a política, se pensada por gente que realmente queira estar ao serviço da comunidade, pode fazer coisas boas com pouco dinheiro...
É bem verdade que sem inovação no comércio tradicional dificilmente se combate a crise. No entanto, não podemos simplificar a complexidade da situação e simplesmente culpar os pequenos comerciantes.
ResponderEliminarOs produtos chineses conseguem atingir preços extremamente baixos e muito difíceis de competir para qualquer comerciante local.
Por outro lado, é dever de uma Câmara Municipal, em particular de uma cidade pequena como Beja, ter uma atitude activa na tentativa de manter o equilíbrio entre grandes espaços comerciais e o comércio tradicional. Esse equilíbrio é fundamental para manter uma economia local saudável.
Claramente, no meu ponto de vista, a Câmara Municipal de Beja falhou e errou em permitir que fosse aberto um novo espaço comercial de grandes dimensões em Beja. Principalmente tendo em conta o tipo de produtos que aí vão ser comercializados e que irão fazer concorrência directa ao comércio tradicional. A CMB não pode esconder-se na legalidade do licenciamento para fugir da sua função enquanto instituição com grandes responsabilidades no desenvolvimento económico sustentável da cidade de Beja.
Tb concordo, acho que esta ideia que eles tiveram das sextas feiras anti-crise é realmente muito criativa e revela uma atitude positiva. E uma coisa é certa...tem dado resultado!! Se o tempo é de crise, e as pessoas (clientes) estão a gastar menos então não vale muito a pena entrar em lamúrias, acusasr os chineses e os ciganos, choramingar por subsidios, e sofrer por antecipação ainda a empresa não entrou em falência....porque essa é a atitude certa para lá ir ter direitinha. Há que olhar para as pessoas - potenciais clientes, tentar percebê-las, e ver o que é que elas estão a precisar agora: as pessoas agoram precisam de animação, sentirem-se cuidadas e amparadas, minimamente seguras, precisam e são cativadas por preços mais baixos, qualidade, e o melhor atendimento. Sim, precisam daquilo a que têm direito: ao melhor serviço. É um enorme sacríficio mas penso que é a única forma de evitar a falência. Quem não quiser, nem trabalhar, para ter um negócio de excelência pode começar a tratar de arrumar a barraca. Há tantos eventos que se podem realizar consoante o negócio.... basta ter imaginação e não baixar os braços. O resto, mesmo em tempo de crise, acaba por surgir porque as pessoas não vão deixar de comer nem de se vestir nem de....etc etc.
ResponderEliminarFicou-me por dizer: os preços dos chineses já não são assim tão baixos, e não tem de ser unicamente a câmara ou outra entidade a resolver o problema. Ou as empresas de hoje também são como a apelidada de geração nem-nem (nem trablham nem estudam)? Se não tiverem a mama da mãe morrem? Foi essa preguiça que criou a geração à rasca...80% dos que se auto-intitulam "à rasca" não querem é trabalhar nem sair debaixo da asinha dos pais. É o que penso.
ResponderEliminar@Ze Miguel - Tenho a liberdade de no passado, com uma Câmara Municipal com a qual não tinha afinidades, ter escrito o mesmo: não se pode culpar a CMB pelos negócios chineses!
ResponderEliminarSendo certo que houve um erro histórico - permitir instalar grandes superfícies dentro da cidade e não nos arrabaldes, como... em Évora - devolvo-lhe o argumento: se é verdade que o problema é complexo, não podemos dizer que a culpa é de toda a gente, menos dos pequenos comerciantes!
O que sempre defendi é que a uma autarquia deve ter uma politica activa de recuperação e dinamização dos centros históricos, de forma a incrementar o comércio! E repensar o trânsito! Mil vezes trânsito em parte da rua das Lojas do que colocar toldos e tretas nos céus!
Meus caros
ResponderEliminarPonderei um pouco se interviria neste “post” pois a vida por cá é difícil. Mais vale cair em graça do que ser engraçado ou então ter amigos bem colocados dispostos a aceitar as nossas ideias e aquilo que temos para oferecer para a nossa cidade, o que seguramente não é o meu caso. Esta foi uma conclusão que tirei ao longo destes últimos anos em diversas actividades em que me envolvi cá pelo burgo. Fiz uma feira de caça, pesca e natureza, onde poderia ser integrado o turismo, que tinha tudo para se tornar um êxito nos três, quatro anos seguintes, mas outros preferiram não lhe dar seguimento. Curiosamente aqueles que eram meus parceiros na dita enganaram-me e tudo fizeram para que esta fosse um fracasso. Fi-la praticamente sozinho, com todo o meu empenho e dedicação foi gabado em muitos meios de comunicação do sector, em Portugal e em Espanha, cá não lhe deram o devido valor, certamente por razões políticas. Além de mil e um malabarismos para que a feira não tivesse o impacto desejado, ainda me ficaram a dever dinheiro que até hoje as esperanças de o reaver são ínfimas, pois uns fizeram as "aldrabices" e outros não as assumiram … e assim por não haver papeis passados fiquei eu “entalado”.
Hoje nas diversas actividades a que me dedico trago centenas de pessoas a Beja (caça) e divulgo o nome de Beja e do Alentejo (dromedários) pelo país inteiro, sem pedir nada em troca, nem a ninguém.
Sei que a maior parte dos leitores do H estão-se nas tintas para os meus desabafos, mas porque a minha terra cada vez está mais longe de me dar alguma coisa, estou farto de carpir as minha mágoas sozinho pelo que resolvi desabafar e já que temos que apanhar o animal pelos cornos então vamos a ele.
A minha família fez durante 50 anos parte do comércio tradicional da cidade de Beja, assisti na primeira pessoa à morte lenta desse comércio que me fez na altura certa tomar outros rumos e ainda bem.
Tenho ideias e meios para uma animação de rua para a cidade nomeadamente para a época natalícia, junto do comércio tradicional. Já o comentei com algumas pessoas influentes no poder decisório, mas quase sempre, verifico que a aceitação não é a melhor e que por aí não vou lá, santos da terra é mau de fazerem milagres. Mas Beja precisa de um milagre, dos grandes e depressa, mas que por certo procurarão um santo milagreiro de fora ou do partido. Não estou com isto a colocar-me no lugar de santo mas se todos podermos contribuir para a melhoria da nossa cidade certamente que não será preciso santos e o milagre poderá acontecer. Também as poucas cartas que vou enviando para as entidades competentes, certamente que irão sendo bem arrumadinhas no fundo de uma bela gaveta, se não forem directamente para o cesto dos papéis, como tal Beja tem aquilo que merece … e com isto não me estou a referir aos comboios, pois um dos meus dromedários andou ainda à pouco tempo com a bandeira dos ditos…
Abraço
@H concordo consigo que uma das principais responsabilidades da Câmara é a reabilitação e dinamização do centro histórico, no entanto acho que a acção da Câmara não pode e não deve limitar-se a isso.
ResponderEliminarO enfraquecimento do comércio tradicional nos centros históricos não é fenómeno único de Beja (em muitas outras cidades portuguesas passa-se o mesmo), como tal, obviamente que a culpa não está somente nos espaços comerciais dos chineses.
Na minha opinião, o problema reside por um lado na falta de inovação do comércio tradicional e por outro lado na ausência de equilíbrio entre os mega-espaços comerciais e o comércio tradicional, e é exactamente neste último aspecto que a Câmara deve e pode intervir.
Se fizermos uma analogia para o plano do urbanismo verificamos que se passa exactamente a mesma coisa. Se uma Câmara começar a licenciar à maluca a construção de imóveis de todas as formas e feitios facilmente uma cidade chega a um caos urbanístico e poderá passar a ter mais casas que habitantes (este também é um dos principais problemas para a ausência de pessoas a viver nos centros históricos).
Têm que existir regras, visão e objectivos a longo prazo para que possa existir sustentabilidade económica no comércio.
A Câmara de Beja não tem a mesma influência (nem o mesmo papel) que teve, sei lá, o Governo da Região Autónoma da Madeira.
ResponderEliminarCulpar a Câmara, culpar o Governo, culpar a Sonae, culpar a Jerónimo Martins, e ficar de braços cruzados à espera do próximo "catching!" da caixa registadora não é modo de vida para ninguém. Abrir às 10 (às vezes...), fechar às 13, reabrir às 15, e fechar às 19 (quem diz 19, diz 18:30), nos dias de hoje, é pedir para falir. E mais ainda, abrir às 10 e fechar às 13 aos Sábados. E isto, em alguns casos, com uma vontade de trabalhar, que só visto. Os hábitos de vida das pessoas mudaram, os horários das famílias estão totalmente transfigurados do que eram há 15/20 anos atrás. Então, porquê manter os horários de abertura das lojas nos horários de há 15/20 anos?
Apesar das dificuldades, e outras coisas com as quais não concordo, tome-se o exemplo da Coop: modernizou-se, e hoje é a única superfície na região que tem e-store e faz entregas ao domicílio. Antes mesmo de o Continente On-line chegar a Beja. Apercebeu-se do seu público actual, apercebeu-se do seu público potencial, apercebeu-se das necessidades da região, e fez alguma coisa! Não é o fim em si, mas pelo menos houve vontade de fazer algo mais.
Compete aos nossos empresários modificarem as variáveis que estão ao seu alcance, para que as que não estão as afecte negativamente o mínimo possível, e positivamente o máximo possível.
SENDO EU UMA MULHER NORMAL (OU SEJA, ADORO FAZER COMPRAS)E TENDO UM HORÁRIO E UMA FAMILIA Q NÃO ME PERMITEM IR ÁS LOJAS DURANTE A SEMANA, DEI-ME CONTA Q A MINHA ROUPA E SAPATOS SÃO COMPRADOS SEMPRE NAS MESMAS LOJAS: MANGO, MODALFA E SAPATARIA POPULAR (PASSO A PUBLICIDADE. PORQUÊ? PQ ABREM AO SÁBDO À TARDE E NÃO ESTÃO CHEIAS DE GENTE, O Q SIGNIFICA Q POSSO FAZER A COMPRAS SEM PRESSAS. QUANTAS MAIS PESSOAS HAVERÁ COMO EU? . . .
ResponderEliminarQuanto à opção do trânsito...não disponho de informação para poder opinar (até pq não entendo do assunto), mas gostei do que foi feito há uns anos em Braga, que mudou por completo a vida no centro da cidade, com espaços aprazíveis, animação, restauração, comércio tradicional e marcas chamariz. Quer de verão quer de inverno, semana ou fds, o centro tem vida!
ResponderEliminarBraga tem uma população diferente de Beja, mas é certo que há uma faixa de consumidores, com um poder de compra razoável, que adoraria não ter que andar sempre a caminho de CComerciais para fazer as suas compras.
Até pq é muito mais agradável ir às compras enquanto se passeia nas ruas, trocar conversas, disfrutar de um lanche...prazeirar na cidade onde se trabalha...
Mas Braga tem um poder de compra fantástico!
ResponderEliminarSim...mas tb soube optar pelo que é adequado para um centro vivo com qualidade.
ResponderEliminarPara além do que disse, Braga não inundou de "entulho" comercial... apostou em lojas fashion mas acessíveis, no comércio tradicional cuidado e ex-libris(e não "môfo" e sombrio), na dinâmica cultural com enfoque nas actividades para crianças (pq arrastam com elas pais, avós, tios, tias, amigos..), com uma variedade de propostas, diurnas e nocturnas que envolvem os agentes locais, das variadas áreas...E Braga tem CC,mas há preferência pelo centro da cidade.
E eu acredito que Beja, tendo em conta as suas singulares potencialidades, tem tudo para poder ser um Centro Vivo!!