É assustador começar as diligências preparatórias do próximo ano lectivo e perceber que "a mais bem conseguida" dieta de verão é a do extermínio de horas de aulas! Porque para pedagogos e gente bem pensante, a sala de aula, as horas de aulas, são uma espécie de maléfica celulite que urge combater, gorduras deslocalizadas que urge aniquilar! Confesso a minha impotência para perceber esta aulafobia!
Façam-me chegar todas as teorias e tretas, mas num dia que um Professor deixar de dar aulas, quando um professor se limitar a fazer sumários, dar e corrigir trabalhos, deixa de ser um Professor, passa a ser algo como um avaliador, mais um burocrata!
Na boleia de Bolonha, que NADA tem a ver com isto, começaram a cortar horas de aulas num ritmo assustador, a treta do ensino centrado no aluno e na auto-descoberta e tolices afins, uma verdadeira e trágica revolução encabeçada por quem não gosta nem sabe dar aulas, que nos vamos arrepender muitíssimo nos próximos anos! Violem os pedagogos de secretária, enrabem os teóricos do ensino e vamos gritar o básico, recordar que dar aulas é estar na sala, partilhar conhecimento, suscitar curiosidade no aluno e acalmar as suas dúvidas! Porque tudo o resto são tretas!
De uma vez por todas perceba-se que se nos roubam as horas de aulas é impossível dar aulas decentes! E sem boas aulas consegue-se aquilo que alguns há muito desejam: o triunfo da mediocridade sobre a meritocracia!
Mas...Porque é que ninguém te ouve?
ResponderEliminarCom licenciaturas de 3 anos, com disciplinas de carga horária reduzidíssima, com uma maioria de jovens que de autónomos têm muito pouco, como é efectivamente possível desenvolver um significativo conjunto de competências pessoais, sociais, técnicas, científicas (para além de espaço e tempo para estimular/ensaiar o espírito empreendedor)?
ResponderEliminarAfinal, quando é que há tempo e espaço para transmitir e orientar a busca do conhecimento, o desenvolvimento do sentido crítico, o exercitar técnico/laboratorial? ou as licenciaturas servem apenas para dar umas luzes ?? É isto que a sociedade oferece aos adultos de amanhã?
Susana - Provavelmente porque vozes de burro não chegam ao céu!
ResponderEliminarComo o cota fala (neste caso escreve) bem...
ResponderEliminar(Adenda: não o acho nada burro muito pelo contrário... você é dos poucos com sabedoria...mas existe por ai mt burro sim.)
Bjs* Cota ;)
Que gigante verdade. Algo que eu também defendo desde o 1º ano que entrei no Ensino Superior (na vanguarda de Bolonha, minha querida Caparica). E esta opinião já me custou algumas inimizades e olhares desconfiados.
ResponderEliminarVindo da ponta das suas teclas, ganha uma dimensão que não faz ideia. Obrigado, mil vezes obrigado!
Pura verdade!
ResponderEliminarTambém não entendo. Qual é o objectivo disto?
Numa dada página na net sobre o Bolonha está assim:
ResponderEliminar"As licenciaturas resultantes do Processo de Bolonha têm o mesmo valor que as licenciaturas anteriores?
Têm já que apesar do decréscimo de anos necessários para se obter uma licenciatura, este grau tem o mesmo valor antes e depois de Bolonha. Isto acontece porque durante os três anos necessários para agora atingir o grau de Licenciatura os alunos são confrontados com um nível elevado de exigência em termos de qualidade e do seu envolvimento com o curso, mantendo assim o mesmo nível de qualidade na aprendizagem dos conhecimentos e aumentando ainda as competências pessoais e profissionais."
Pois sim...
É como o H diz, começou por via do processo de Bolonha mas este não é o único responsável. Nas prpóprias instituições de ensino parece existir um clima de "anti-aulas" como se isso fosse um efectivo sinal de qualidade, porque mais se exige de empenho pessoal aos alunos. Pois bem, tape os olhos quem quiser mas essa ideia não passa de treta e não está a conseguir-se colocar em prática. Os alunos não revelam maior empenho, pelo contrário, revelam maior desmotivação e distanciamento. Não considero que uma licenciatura bolonha seja equivalente a uma pré-bolonha, não pode ser. Teoricamente sim mas na prática toda a gente sabe que não.
Os professores existem para ensinar...muito bem que o aluno deve desenvolver autonomia e capacidade crítica mas qual o sentido disso de exigir isso se não forem dadas a conhecer a esse aluno todas as escolhas e matérias possíveis e dotá-lo de ferramentas?!! Na minha opinião as melhores escolhas e o melhor discernimento, e os melhores profissionais também, surgem na sequência do contacto com a diversidade de cenários e de raciocínios. Com o poder de escolher justificadamente. Concordava com a forma como as coisas eram dantes: a escola servia mesmo para aprender o mais possível para depois, aí sim, quando fôssemos crescidinhos e começássemos a trabalhar pudessemos aplicar esses conhecimntos e decidir.
Não existe actuamente articulação entre as várias fases do ensino: facilitismo por um lado e exigência inexiquivel por outro...
Ana - Tiro a roupa e aplaudo-a de pé!
ResponderEliminartira a roupa de cada vez que se faz uma boa crítica a Bolonha ?
ResponderEliminarsó no verão!
ResponderEliminarestava longe de imaginar que seriam estes os temas que lhe iriam desencadear essa atitude...ainda que em pleno verão...
ResponderEliminarAna Dionísio: não diria melhor. O pessoal no primeiro ano até acha graça à ideia, sempre pode sair na quinta até mais tarde. Depois no 3º ano começa a ver o curso a acabar, e pouco mais sabe do que quando entrou. E dá-lhe um piripak! A autonomia dos alunos não implica a desresponsabilização dos professores. Mas esta não é uma crítica que faço ao corpo docente; é uma crítica à teoria dominante nas Ciências da Educação, que nos trouxe até aqui, defendendo o proteccionismo e o facilitismo levado ao extremo até aos 18 anos, e depois daí para a frente para forçar a responsabilização dos alunos, lança-os às feras. Conclusão: um aluno que vive 12 anos da sua escolaridade dentro de uma bolha Actimel, sem nunca ter assumido qualquer responsabilidade, já que trabalhar e adquirir conhecimentos não são requisitos para transitar de ano, que ferramentas tem para enfrentar a fera das "horas autónomas"? Zero. Poucos são os que estão a saber conviver com esta nova realidade: os que conseguem, maior parte são aqueles que, como eu, acabaram o ensino secundário até à reforma curricular de 2006, e/ou têm a sorte de terem pais estupendos que incentivam e ensinam os filhos desde pequenos algo mais para complementar o que se fez na escola.
ResponderEliminarIsto é tudo um problema de... assimetrias no sistema. Daquelas palavras giríssimas que a malta gosta de ouvir os comentadores dos debates dizer, e depois começa a usá-la em todos os contextos sem que sequer saiba o seu significado. Ansiava pelo dia que a pudesse usar, para me sentir inteligente!
Ferrão: é precisamente esse o fundo da questão. Temos um País profundamente assimétrico aos mais variados níveis.
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