sábado, junho 18, 2011

Puberdade, 1894/5, por Edvard Munch

Não me vou deter no autor! Não é segredo que sou viciado em Edvard Munch, que considero que o pintor norueguês um dos grandes génios do século XX, que com Klimt, Magritte e Chagall mora no leito dos meus favoritos!
Neste quadro oferece-nos uma adolescente incómoda com a sua nudez, de braços caidos, cruzados, cobrindo a sua intimidade, um rosto rosado, corada perante o estorvo aborrecido de exibir o seu intimo; mas se os seios são de menina, o quadril é de mulher!
Convido o leitor à indecência de olhar o rosto da adolescente: é nítido o embaraço, um rosto fechado, inexpressivo, corrompido de duvidas, medos, angustia, a incerteza de saber que nada se sabe e ter dentro de si a urgência de fazer todas as perguntas! A cara da musa de Munch é ela própria a puberdade! 
Profundamente enigmático é a mancha negra que repousa no lado esquerdo da jovem: alguns procuram no negro encontrar um falo, um imenso genital masculino, não fosse este quadro pintado num tempo em que o genial artista estava mergulhado numa profunda depressão sexual; para outros, a sombra negra simboliza todos os medos, receios e duvidas da puberdade, os tremendos anseios da passagem da infância para a idade adulta! 
Pintado nos tons que caracterizam Munch, mais do que a puberdade em si mesma, mais que um fenómeno físico biológico datado no tempo, vejo no quadro as dúvidas que carregamos do passado, os fantasmas negros que nos acompanham no percurso, o receio da transição, de deixar um sítio, um local, uma pessoa, um emprego, para partir para outro local, para outro desafio, um despojar do passado e ter a coragem de inspirar o que o futuro nos escreve!

4 comentários:

  1. Anónimo08:59

    Que impressionante análise...!!!

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  2. Anónimo00:08

    Quando quere é mesmo muito Bom ... excelente !

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  3. Anónimo22:31

    É mesmo dificil sentirmos que uma fase está a chegar ao fim, que um novo ciclo se abre debaixo dos nossos pés.Não o procurámos, apenas apareceu e está a puxar-nos para algum lugar. Surgem as dúvidas sim, os medos também e a incerteza de conseguirmos voltar a sentir tanto. Quando se sente muito, quando parece que aquele ar é único e aquele toque nos prende os sentidos, não conseguimos imaginar voltar a esse estado de delicia. E aí surge a questão de como vai ser a nossa vida depois disso. Conseguimos libertar-nos do nada que temos? Será que o queremos fazer? Nã sei!só sei que quando a vida não nos deixa margem de manobra, quando demos tudo e nada recebemos, temos que nos dar uma oportunidade. Mesmo que a seguir voltemos a sentir que nos perdemos na estrada!

    Beijo-te

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  4. Anónimo16:53

    Amor mio te quiero!

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!