quarta-feira, junho 18, 2008

BlogoNovela - Capitulo 1

Não tenho especial apetência para apreciar homens (quiçá nem mulheres) mas parece-me abusivo afirmar que Francisco é um bonito homem! Nem fique com a noção de que é feio, porque isso está longe de ser verdade! Francisco é um homem banal, comum, um perdido numa multidão que caminha indiferente, ser cor nem brilho, um epitáfio de gente que se esqueceu de morrer. Como consegue ser o antónimo de tudo isto, uma pessoa mágica de onde emerge carisma e sensualidade! E são os seus contrastes, um jogo de luzes e sombras, que conferem a Francisco a sua identidade, a sua idiossincrasia!

Francisco sentou-se no alpendre a fumar o ultimo cigarro da noite, que depois esmagava com raiva no cinzeiro, prometendo ser o ultimo, carregando a certeza certa que nas primeiras horas da manhã acenderia mais um, e outro e mais outro ainda; ao fundo, o mar angustiado, escondido nos trevas, eram um parceiro cúmplice da sua solidão desejada, iluminada por uma lua divina, numa noite estrelada que faria corar van Gogh, mestre impotente para desenhar na tela os brilhos que só o atlântico conhece! Ou conhecido por outros mares que Francisco nunca navegou! Estava descuidadamente vestido, como sempre acontecia ao despir os fatos HugoBoss, dependurados cautelosamente no seu gigante roupeiro, para se dedicar ao conforto dos jeans rasgados e da primeira t-shirt, não necessariamente imaculada, que roubava a uma gaveta! E descalço! Sempre descalço, apenas com umas havaianas, apenas de nome, que jaziam a seus pés!

O dia tinha sido longo e cansativo: como fazia amiúde, abandonou cedo a cama, foi correr na praia deserta, com o pequeno labrador castanho a seu lado – que apesar de comemorar o sexto mês lá em casa, continuava displicentemente sem nome -, um duche apressado, uma taça de cereais com iogurte e percorrer os quinze minutos que o afastavam do emprego, sempre à pressa, sempre a ouvir a RFM, sempre sem pensar em nada! Excepto quando as suas meditações eram interrompidas pelo facínora do telemóvel, orgulhoso portador de más noticias e desvarios, que invariavelmente se arrependia! Ou não!
A consciência pesava-lhe nessa manhã: o seu pai tinha feito anos na véspera e esquecera-se completamente! Nem um singelo e estúpido telefonema: e sabia bem que o excesso de trabalho era uma mal parida desculpa para um tão madrasto desleixo. Que se agudizou com o passar do dia, em que a preocupação de ligar como exculpação, se escapuliu nas brumas negras do esquecimento! E agora, já era demasiado tarde, pelo que o telefonema ficou novamente adiado. Como há muito estava adiado o regresso à terra, para rever a família e matar as saudades que honestamente não sentia! Mas que fingia ter! Orgulhosamente!
Bebeu um copo de leite e deitou-se! Não que tivesse sono, mas porque sabia o que o esperava no próximo dia! Aninhou-se na cama, repetiu o insano ritual de beijar a almofada e abriu um livro, desfilando as folhas, lendo ser ler!

6 comentários:

  1. Francisco – divorciado, trinta e seis anos, grisalho, charmosão, requintado, sempre com ar bronzeado. Foi criado numa família tradicional de uma pequena aldeia, com poucas possibilidades económicas, tendo sempre comida na mesa para os cinco filhos, uma vez que cultivavam tudo no hectare e meio de terreno que eram proprietários. Francisco sempre quis sair da aldeia, não lhe importava de que forma seria, e conseguiu, quando num fim-de-semana prolongado conheceu uma senhora imigrante, solteira com cinquenta e sete anos, muito abonada financeiramente e que se encantou por ele. Foi criticado pela família, que viram nele a vergonha da família e da aldeia. A Sra D. Laide montou-lhe um negócio na Figueira da Foz, que entretanto faliu, devido a alguém que lhe passou a perna e agora é director comercial de uma multinacional. A Sra D. Laide nunca se casou com ele, mas era Francisco o herdeiro que Laide escolheu no seu testamento.

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  2. Anónimo12:47

    no entanto Francisco sem ter saudades de seus antepassados...nunca esqueceu no fundo a sua aldeia e os campos verdejanteamarelados pelas alturas da primavera...recorda com emoçao os primeiros raios de sol vividos á beira dum riacho na companhia de sua eterna confidente e amiga Amélia.
    Amélia que no fundo nunca esquecera o seu grande amigo..em certas alturas confundido como namorado num simples trocar de olhares envergonhados.
    francisco recorda ainda um primeiro beijo na face...embora envergonhado que lhe tocou a paixao...
    nunca mais se viram desde entao...
    Amelia hoje com familia feita ainda tem no fundo uma certa curiosidade/paixao por saber o k é feito de seu eterno amado..poix amélia terá confidenciado esta paixao a zé seu primo, mas nunca o fez diante de francisco nem nunca permitiu que zé quebrasse o segredo...

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  3. Anónimo14:46

    Fim do 1º episódio.

    Segue-se um intervalo para publicidade, não demora muito são só 25 minutinhos.

    Ehehehehheh...

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  4. ena ena, deixei a novela pro fim das minhas leituras hoje... mas vejo q o pessoal tem as leituras em dia...

    Quanto á publicidade serve pra ir fazer xixi ou ver outro programa mais interessante LOL

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  5. Anónimo02:17

    bem o ppl ja começou com as ideias

    hj nao estou mt rico em ideias mas
    quando o Francisco voltar a santa terrinha tenho aqui umas ideias para uns nomes que bem podia pertencer a pessoas reais ai dessas aldeias bem do interior

    aqui ficam ja uns quantos para reflexão digam o que acham ;)

    Bragalhoiço
    Mari Amelia dos Pinhais
    Xico do Carrascal


    F.

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  6. D. Laide morreu triste, num dia triste e o seu funeral foi simples como ela tinha deixado bem expresso em vida: nada de gritos e choros falsos nem flores aos molhos, carregadas por tios, primos, sobrinhos… que não via há anos!
    Apenas quis que lhe pusessem aquele vestido vermelho justo, comprido, preso apenas no ombro esquerdo e aberto do lado direito, um palmo acima do joelho até ao pé (divinamente protegido por um elegante sapato preto com salto fino de 7 cm), deixando ver a perna bem torneada e bronzeada. Maquilhagem discreta mas perfeita. Nos seus cabelos pretos, a flor vermelha mais bonita que houvesse no jardim de sua casa. Não era mulher de se apresentar em lugar nenhum de qualquer maneira e muito menos para lá deste mundo!
    A Francisco uma exigência: que se mantivesse a seu lado durante o irritante velório (ela sabia como iria ser irritante!), na cremação do seu belo corpo e que levasse as cinzas para o local que tinha escolhido.
    Francisco cumpriu a sua parte, com aquele seu ar sóbrio. A dedicadíssima Jandira, a negrita trazida de África,ainda criança, nos tempos do seu primeiro marido, tratou de todos os pormenores segundo a vontade da patroa. Adorava D. Laide como se fosse sua verdadeira mãe! Terão sido, porventura, as únicas lágrimas verdadeiramente sentidas, as de Jandira.
    Francisco não amava D. Laide mas tinha-se habituado à sua presença e, principalmente à de Jandira, bela, jovem, intocável o que o deixava ainda mais solitário.
    E eis que chega o dia da abertura do testamento de D. Laide!

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!