A partir das próximas semanas, por mais que os políticos falem e berrem, os portugueses apenas vou ouvir ruído. Por mais estudos e estatísticas que invadam jornais e telejornais, os portugueses vão ficar surdos para a realidade e apenas se vão preocupar com as férias. Durante um mês e pouco, a maioria dos portugueses vai esquecer os milhares de compatriotas a quem o desemprego roubou a possibilidade de gozar férias, concentrando-se no seu umbigo e nos seus desejos estivais. Mais. Pelas praias dos nossos Algarves, vão cruzar-se com quem goza o merecido período de férias, muitos desempregados que com os dinheiros dos subsídios ou com o dinheiro que pedem emprestados aos pais, durante umas semanas, vão procurar esquecer palavras como a crise, desemprego, eleições, instabilidade, maus resultados do Benfica e incerteza sobre o futuro próximo.
Gostemos ou não, esta tendência para pão e circo, este inusitado prazer para passar de estados de desespero para a euforia optimista, faz parte de ser português, é uma característica da portugalidade.
Também eu por estes dias desci até ao Algarve, para um fim-de-semana de descanso: e apesar de o Algarve me encantar, de ser a única região do País onde me imaginava a morar, quando por fim decidir sair de Beja, entristeceu-me constatar a forma como ainda se entende o turismo!
Porque, importa não esquecer, turismo mais do que lazer é uma das mais importantes indústrias do nosso Pais, uma das actividades económicas nas quais Portugal pode almejar ao pódio na Europa. E basta uma pequena viagem, de olhos abertos, para compreender que algo de terrivelmente errado se passa com o turismo em Portugal!
É verdade que continuamos a ter alguns oásis de excelência, vários locais de eleição, onde houve a sapiência de pensar, planear e executar: mas a mediana é baixa e hoje inferior aos nossos directos concorrentes que se souberam preparar!
Para um casal sem filhos é hoje muito mais barato fazer milhares de quilómetros e passar 9 dias num resort nas Caraíbas do que uma semana numa qualquer praia algarvia! E se é verdade que o clima e as águas cristalinas são um excelente incentivo, uma análise objectiva permite concluir que esses locais que têm o charme e o encanto da distância, são em quase tudo inferiores ao Algarve e à Costa Alentejana, excepto no profissionalismo, no cuidado e detalhe das pequenas coisas!
Bem sei que cada ano que passa as coisas tornam-se mais complexas. Por incompetência (ou outras coisas piores) durante décadas autarcas irresponsáveis permitiram descaracterizar toda a costa algarvia e Milfontes, numa construção caótica, feia, insustentável, falta de coragem para enfrentar pseudo-direitos adquiridos, falta de estratégia e planeamento; mas dizer cada ano que passa torna as coisas mais difíceis, é também afirmar que ainda é possível contrariar o triste fado lusitano, de deixar estragar o Algarve cada vez mais, até que se transforme o mesmo num local horrendo, onde ninguém tem prazer ao visitar!
Por outro lado, se há coisas que hoje são complicadas, nomeadamente derrubar os milhares de prédios que nunca deviam ter sido construídos, há caminhos que se podem trilhar: por um lado, aumentar e muito a qualificação das pessoas que directamente se relacionam com os turistas, melhorar acessos e apostar em determinadas áreas de excelência, em sectores onde o Algarve e Portugal conseguem ser melhores que todos os outros: refiro-me à gastronomia. E escrevo esta crónica com tom de férias, porque me irrita que no Algarve dos turistas se coma tão mal…
Gostemos ou não, esta tendência para pão e circo, este inusitado prazer para passar de estados de desespero para a euforia optimista, faz parte de ser português, é uma característica da portugalidade.
Também eu por estes dias desci até ao Algarve, para um fim-de-semana de descanso: e apesar de o Algarve me encantar, de ser a única região do País onde me imaginava a morar, quando por fim decidir sair de Beja, entristeceu-me constatar a forma como ainda se entende o turismo!
Porque, importa não esquecer, turismo mais do que lazer é uma das mais importantes indústrias do nosso Pais, uma das actividades económicas nas quais Portugal pode almejar ao pódio na Europa. E basta uma pequena viagem, de olhos abertos, para compreender que algo de terrivelmente errado se passa com o turismo em Portugal!
É verdade que continuamos a ter alguns oásis de excelência, vários locais de eleição, onde houve a sapiência de pensar, planear e executar: mas a mediana é baixa e hoje inferior aos nossos directos concorrentes que se souberam preparar!
Para um casal sem filhos é hoje muito mais barato fazer milhares de quilómetros e passar 9 dias num resort nas Caraíbas do que uma semana numa qualquer praia algarvia! E se é verdade que o clima e as águas cristalinas são um excelente incentivo, uma análise objectiva permite concluir que esses locais que têm o charme e o encanto da distância, são em quase tudo inferiores ao Algarve e à Costa Alentejana, excepto no profissionalismo, no cuidado e detalhe das pequenas coisas!
Bem sei que cada ano que passa as coisas tornam-se mais complexas. Por incompetência (ou outras coisas piores) durante décadas autarcas irresponsáveis permitiram descaracterizar toda a costa algarvia e Milfontes, numa construção caótica, feia, insustentável, falta de coragem para enfrentar pseudo-direitos adquiridos, falta de estratégia e planeamento; mas dizer cada ano que passa torna as coisas mais difíceis, é também afirmar que ainda é possível contrariar o triste fado lusitano, de deixar estragar o Algarve cada vez mais, até que se transforme o mesmo num local horrendo, onde ninguém tem prazer ao visitar!
Por outro lado, se há coisas que hoje são complicadas, nomeadamente derrubar os milhares de prédios que nunca deviam ter sido construídos, há caminhos que se podem trilhar: por um lado, aumentar e muito a qualificação das pessoas que directamente se relacionam com os turistas, melhorar acessos e apostar em determinadas áreas de excelência, em sectores onde o Algarve e Portugal conseguem ser melhores que todos os outros: refiro-me à gastronomia. E escrevo esta crónica com tom de férias, porque me irrita que no Algarve dos turistas se coma tão mal…
Ainda bem que nisso ainda não sou "totalmente" português, porque não ter férias para mim é normal, não me faz falta absolutamente para nada!
ResponderEliminarPorém, já tive um periodo na minha vida em que era quase como que obrigado ir ao Algarve. Em 1983 e 84 tinha que ir "atrás" dos meus compatriotas já que ainda não falava português! Visitava sempre uma pequena aldeia de nome Cabanas perto de Tavira. Era calma e bonita, já lá conheciamos bem os donos dos 2 (!) restaurantes que por lá existiam.
Fui lá há uns meses no regresso de numa das minhas voltas de levar cães ao aeroporto de Faro e quase não reconhecia "aquilo", estava tão diferente que saí mais depressa do que entrei para não estragar as minhas memórias deste local ;)
H»3 breves notas:
ResponderEliminar1 – Induzes um cheiro a despedida (ir viver para o Algarve), caso Beja não mude!... Algo que já tínhamos falado, não sabia era qual o teu destino, agora sei.
2 – Sem dúvida que existe muito erro de construção (generalidade), mas também é de aplaudir alguns bons exemplos (urbanizações, resorts…..)
3 - No Algarve dos turistas come-se tão mal!... Não podes generalizar, tens excelentes espaços para comer (são é obscenos na conta). Mais, quase que arriscava dizer que os melhores estão no Algarve.
Mas já dizia o Zé Povinho, o que é bom paga-se.
Beja - uma nota breve!
ResponderEliminarAs decisões que posso ou não tomar, não estão dependentes de um resultado eleitoral!
2. Para um rapaz sem a tua capacidade financeira, os espaços que falam existirem ou não, é irrelevante: a malta não sabe se são bons que não tem dinheiro para lá ir...
Zig - Por acaso, Cabanas é dos locais onde ainda se consegue comer bem, sem precisar de despir as calças para pagar a conta..
ResponderEliminar