Se há elemento que defina a portugalidade são os contrastes deste estranho povo, incapaz de se governar, mas que não se deixa governar!
Nos mesmos dias que se vive a pior crise petrolífera das últimas décadas, cem mil pessoas comprar bilhetes para um espectáculo de música; em plena crise alimentar, quando a palavra fome entra na economia de milhares de família, a ASAE irrompe em Instituições de Solidariedade Social e joga comida em bom estado para o lixo; na semana em que os juros para as habitações alcançam valores históricos, os telejornais dedicam-se a alimentar a fábula do próximo clube do Cristiano Ronaldo.
Num País em que o desemprego cresce, os empresários queixam-se da dificuldade em contratar funcionários; jovens de todo o mundo procuram Portugal para trabalhar e ao mesmo tempo jovens portugueses partem para o estrangeiro porque não encontram trabalho em Portugal!
Neste estranho País na beira-mar mal plantado, desde há duas décadas que recebemos dinheiro da Europa, sendo que a nossa convergência é estarmos cada vez mais longe da Europa! Alegremente caminhamos, sem saber qual o nosso destino, despreocupados por termos um deficiente sistema de saúde, um paupérrimo ensino, uma industria inexistente e uma justiça medíocre, onde os processos se estendem por décadas, perante a indiferença latente de um povo, apaixonado pelo acessório, incapaz de preocupar-se com o essencial!
Não deixa de ser espantoso, que neste País de curiosas gentes, se critique o Governo por um cigarro mal fumado, se debatam à exaustão todos os temas que nada interessam, sejam raras as vozes que procurem olhar para o País que desejamos daqui a uma década: se inundam queixumes deste governo socrático, olhamos os PSD`s, que imbuídos numa fratricida disputa interna, é incapaz de explicar às suas gentes que existe uma alternativa, uma diferença, perdendo-se numa “funalização” entre o valor da credibilidade, a azia do passado e um sebastianismo nem sempre coerente!
É verdade que Portugal vive provavelmente a pior crise dos últimos vinte e cinco anos: mas não é menos verdade que o Verão está a chegar, muitos de nós vamos encher as praias, com alguma sorte Scolari faz de Portugal os melhores da Europa e continuamos a empobrecer alegremente! Com os nossos telemóveis topo de gama…
O que gosto no teu blog é que a pessoa que teve a sensibilidade de escrever isto, foi a mesma que fez aquilo do Adão e Eva!
ResponderEliminarE aqueles que não são assim, que nadem contra essa corrente, são olhados de lado...
ResponderEliminarora pois dizes bem e ocorreu precisamente o mesmo quando ouvi a noticia q já estão esgotados os bilhetes pro 1º dia do mega concerto e quiçá os do 2º dia e claro pro futebol tb não pode faltar o "euro" =/ assim como pra todas as futilidades mas q a malta está a ressentir-se com os combustiveis está... ou eu perdi a noção do q são as filas na capital, principalmente com dinheiro fresquinho do ordenadinho ou os condutores hoje já tinham ido quase todos ouvir musica e ver futebol :O
ResponderEliminarahhhh, acho q esta frase diz tudo dos portugueses sim:
ResponderEliminar"incapaz de se governar, mas que não se deixa governar!"
Já ontem tinha ouvido e gostado bastante! Optima crónica!
ResponderEliminarLR
O texto é excelente, e isto de bons textos já é hábito neste blog.
ResponderEliminar"Empobrecer alegremente" é a melhor definição que se pode aplicar ao n/ país.
Estou para ver no dia em que não conseguirmos continuar alegres, o que é que se irá passar?
@rui p- nesse dia, vamos com o Manuel, para o comício do BE! Ou esperamos que o QuerFlô ganhe o campeonato e ficamos todos felizes!
ResponderEliminarSerá trocadilho?
ResponderEliminarQuique Flores - QuerFlô
pois...poucos teem essa visao..e fiko kontente por ver k muitos partilhamos a mesma opiniao...portugal é um povo de memoria curta...muito curta...pode estar tudo a correr mal...pessimamente mal...mas por mais insignificante k seja uma cois e essa coisa acontecer..o povo fika do mais contente k pode haver...e o passado e eskecido e o povo continua na miseria e na ignorancia; pois num futuro proximo com projecçao num futuro longikuo a vida do "povo" portugues é negra e medonha...sem a luz ao fundo do tunel...
ResponderEliminarFor an economy such as the Portuguese, exposed, vulnerable, unarmed and depending on a handful of capitalist countries, the present financial crisis will inevitably have a strong negative impact. But it would be a mistake to think that the Portuguese government holds no responsibility for this situation. The stagnation of the economic growth, the drop in public and private investment, the increasing finantialization of our economy instead of the defence of the productive apparatus, the obsession with the budget deficit, the submission to the European Union guidelines, are structural elements of the total failure of a policy to solve the problems of the country and which, in view of this crisis tend to amplify.
ResponderEliminarPortugal will be the poorest country in Europe very soon.
The Guardian 21/04/2008
JC
JC- Por vezes, ao olhar de fora o país (com p), ajuda a compreender melhor o que se passa cá dentro!
ResponderEliminarSem dúvida e é mais preocupante tb quando conheces bem uma sociedade desenvolvida e moderna com uma economia fortissima,com uma politica social excelente,etc etc etc...e começas a comparar conhecendo os dois lados da moeda!
ResponderEliminarEu vou-te enviar assim que tiver possibilidade uma análise a este assunto(Uma sociedade moderna),julgo que será interessante e enriquecedor para ti,e para o blog.
Um abraço
JC
Obrigada ao H e ao JC por partilharem connosco este assunto e lembrar como somos vistos pelos outros... talvez assim por cá "acreditem mais"
ResponderEliminar=/
"e continuamos a empobrecer alegremente! Com os nossos telemóveis topo de gama…"
ResponderEliminarPenso muitas vezes nisto mas ainda não tinha articulado uma frase tão coerente sobre o assunto.
Quanto à bola... detesto bola... é uma seca, não há paciência, etc etc... (só de pensar nos estádios novos dói).
Mas aconteceu uma situação curiosa, penso que no Mundial...
Sou daquelas pessoas que por vezes para estar com os amigos me sujeito a determinadas situações. Lembro-me de ir a uma discoteca de ruído de dar cabo do cérebro só para estar com eles (grupo grande, animado e já com muitos anos).
No Mundial aconteceu-me algo parecido: ali estava eu na Expo com algum pessoal porque queria estar com eles.
De máquina fotográfica em punho, olhava calmamente à minha volta e sentia uma sensação de energia positiva especial.
Com o país no estado em que estava já nessa altura, havia ali uma enorme concentração de risos, sorrisos, caras felizes e brincalhonas. Muita gente esquecida de que não tinha emprego ou o estava prestes a perder, que o dinheiro não é elástico, ou de que talvez tivessem perdido alguém...
Olhei para os ecrãs panorâmicos dos cafés e senti que me apetecia agradecer àqueles jogadores por toda aquela sensação de leveza, alegria num estado imensamente puro, que estava a sentir.
Esqueci que detestava bola, que há corrupção, etc, etc...
Aquela gente estava feliz.