sexta-feira, maio 09, 2008

Pedro Passos Coelho...

Elogiei aqui a candidatura de Pedro Passos Coelho; não por ser um corte geracional, mas por carrilar consigo uma ruptura ideológica com o marasmo instituído do centrismo pragmático! Ouvi em Passos Coelho a coragem de assumir rupturas, o desejo de colocar o Partido Social Democrata na senda de uma direita moderada, liberal e humanista, permitindo aos portugueses, pela primeira vez em demasiados anos, optar entre diferentes visões de governo, verdadeiras escolhas de convicções e não de meros estilos pessoais ou habilidades na arte da propaganda!
Defensor assumido do bipartidarismo, gostava que os dois partidos de governo assumissem reais diferenças, escolhas ideológicas e programáticas, distintos rumos para o País! E concedendo aos eleitores verdadeiras opções!
Passos Coelho falou na promiscuidade publico-privado, defendeu que o Estado devia sair da economia privatizando actividades, reservando-se ao papel de regulador, dando ênfase aos problemas de segurança e sustentando alterações profundas na legislação laboral! Falou com a liberdade de quem sabia não ter hipóteses de ganhar estas eleições, mas lançando pedras para o futuro, construindo um caminho, que não sendo fácil, poderia dar frutos nos pós 2009.
Mas o PSD é um partido diferente de todos os outros, com uma estranha dinâmica interna; abruptamente os ismos de Santana e Menezes entram num conflito fratricida e Passos Coelho convence-se que é possível ganhar o Partido!
E a possibilidade de vitória, foi o pecado pouco original de Pedro Passos Coelho; animal político sentiu antes de todos o cheiro da divergência e aproximou-se de Menezes; começou por convidar o filho daquela para Mandatário da Juventude, procurou apoios em Ângelo Correia e na fidelíssima distrital de Gaia, mostrando que o rosto novo de que falava, será pouco mais que um menezismo recauchutado, fechado em redor dos de sempre, em vez de aberto às alas mais liberais e independentes do partido! Se olharmos para a realidade que nos é mais próxima, centrando-nos no distrito de Beja, onde recebeu apoios de pessoas que sempre pugnaram por pensar pela sua própria cabeça sem se deslumbrarem por migalhas, escolheu Mário Simões, um símbolo do carreirismo partidário.
Passos Coelho não ganhará as próximas directas, mas com esta estratégia terá muito mais votos dentro do seu partido; mas, seguindo este trajecto hipoteca para sempre as suas hipóteses de ganhar o País. O que pessoalmente me entristece!

7 comentários:

  1. Pode ser que haja um milagre...

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  2. Anónimo09:55

    É uma opinião,e como todas as opiniões valem o que valem!...
    Contudo, em muito do que dizes poderás ter alguma razão.
    Mas discordo contigo em dois pontos:
    - penso que PPC terá verdadeiras hipóteses de ganhar internamente no PSD,
    - penso também que na atitude de se candidatar (um pouco à pressa), PPC teve que rapidamente escolher e agarrar apoios um pouco por todo o país, daí o mesmo ter que ceder a algumas alas(pessoas) dentro do seu partido,
    Como pessoa ligada à politica, PPC tem caracteristicas (jovem, dinâmico, com ideias...) para se poder tornar alternativa e vir até a governar.
    Não digo que, mesmo sendo o próximo lider do PSD, seja alternativa ou derrube o PS nas próximas legislativas, mas poderá, se assim o deixarem, "construir" uma oposição credivel para que a médio prazo seja alternativa.
    Agora que cometeu erros no inicio desta etapa interna no PSD, é certo que sim.
    Diz o velho ditado "a pressa é inimiga da perfeição....".

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  3. podes explicar (se te apetecer, claro está)porque é que és um "defensor assumido do bipartidarismo?"

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  4. Anónimo11:16

    A escolha de Mário Simões é um sapo que muitos laranjinhas de Beja vão ter de engolir e calar, o que me agrada bastante!

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  5. @joão - começo por explicar algo antes: não defendo extinções de partidos ou estrangulamentos no sistema eleitoral susceptíveis de engolir a representatividade!
    Apenas, gosto de Partidos fortes, porque temo sempre as coligações e/ou os acordos "paralamentar"!!!
    Acho (e é uma opinião, pelo que sujeita a posições divergentes) que fazia falta em Portugal uma clarificação ideológica, com o PS à esquerda ( e este não é!) e um PSD assumindo-se como de direita (e nunca o fez!). (pense no caso espanhol!).
    Porque defendo, é a sua pergunta! Estabilidade política, oferecer aos cidadãos verdadeiras opções (aqui, concordo com o PCP quando diz que estes PS e PDS são gémeos) e um maior controlo por parte da oposição, que a todo o momento seria uma verdadeira alternativa!
    Em Portugal governamos a pensar no próximo mês, sem pensar o futuro, porquanto não há debate ideológica, mas meras divergência conjunturais ao sabor dos ventos!

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  6. @rui p - Eu gosto de PPCoelho! Apenas temo que na ansia de ganhar já o partido, perca o Pais! E aguardo com curiosidade as suas listas!

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  7. ok, caro h.
    percebi, muito obrigado.

    tenho alguns pontos a discutir (até porque sou contra o bipartidarismo), mas a discussao requer tempo que me falta agora. volto com tempo, se ainda houver pachorra desse lado para me ler.

    ps: temos mesmo que nos tratar por você?

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