Mesmo para mim foi estranho pensar nesta razão. Até porque presumo que há mais de uma década que não penetre naqueles portões. E escolho não o fazer! Prefiro fazer este post agarrado às minhas memórias, prefiro deixar vaguear na imaginação a recordação e a saudade, recordar-me dele como o conheci na minha primeira infância.
Recordo o lago - eternamente sujo - onde os coitados dos patos eram alvos de traquinas como eu, que sob o altruísta pretexto de saciar a fome dos bichos, treinávamos tiro; mais ao longe, do lado esquerdo, as gaiolas habitadas por estranhos e pouco amistosos pássaros. E de passear na carroça, como me divertia naqueles curtos passeios em que o cavalo anão nos fazia meninos grandes (nestes quatro dias, pensei mil vezes, mas varreu-se-me da parva memória o nome do bicho).
Anos depois, regressava para jogar no ringue: muito futebol, algum hóquei e basquetebol, onde apesar de ser espigado, nunca tive qualquer talento. E os primeiros beijos, naqueles deliciosos e recônditos cantos onde os namorados se entregavam sofregamente ao prazer juvenil das hormonas!
Dizem-me que está diferente e para pior. Estranham que se chame jardim público mas esteja fechado depois do horário laboral! Podíamos queixar-nos de faltar uma infra-estrutura que permita usufruir melhor do espaço. Mas hoje não quero saber de queixumes: quero recordar e homenagear o jardim público da minha infância, onde vivi muitas razões para achar Beja deslumbrante e inesquecível. Aliás... até tenho saudades das tremendas secas que ali todos vivemos, quando as noivas escolhiam aquelas árvores para pirosas e intermináveis sessões fotográficas...
Recordo o lago - eternamente sujo - onde os coitados dos patos eram alvos de traquinas como eu, que sob o altruísta pretexto de saciar a fome dos bichos, treinávamos tiro; mais ao longe, do lado esquerdo, as gaiolas habitadas por estranhos e pouco amistosos pássaros. E de passear na carroça, como me divertia naqueles curtos passeios em que o cavalo anão nos fazia meninos grandes (nestes quatro dias, pensei mil vezes, mas varreu-se-me da parva memória o nome do bicho).
Anos depois, regressava para jogar no ringue: muito futebol, algum hóquei e basquetebol, onde apesar de ser espigado, nunca tive qualquer talento. E os primeiros beijos, naqueles deliciosos e recônditos cantos onde os namorados se entregavam sofregamente ao prazer juvenil das hormonas!
Dizem-me que está diferente e para pior. Estranham que se chame jardim público mas esteja fechado depois do horário laboral! Podíamos queixar-nos de faltar uma infra-estrutura que permita usufruir melhor do espaço. Mas hoje não quero saber de queixumes: quero recordar e homenagear o jardim público da minha infância, onde vivi muitas razões para achar Beja deslumbrante e inesquecível. Aliás... até tenho saudades das tremendas secas que ali todos vivemos, quando as noivas escolhiam aquelas árvores para pirosas e intermináveis sessões fotográficas...
Adenda do leitor M&M: No jardim a Primavera não se faz anunciar. Surge orvalhada numa manhã qualquer sem se importar com o calendário.Sem ter em conta as manchas de cores, o brilho da terra orvalhada, o sol aquecendo as pétalas dos miosótis, as aves riscando as manhãs limpas e claras de março. O cheiro da relva aparada, os homens mondando os canteiros, podando as roseiras, manhã cedo,aindamal a claridade definia os vultos que atravessavam o jardim em direcção ao mercado. O Ti Augusto, guarda do jardim, com a bondade no rosto e os olhos aguados de azul;os barcos a remos no lago grande; os pedaços de pão para os patos que, sorrateiros, trazíamos de casa e trocávamos por umas voltas á medida de quem nunca tinha visto o mar...
Esse que descreves também é o jardim público da minha infância...quando era uma festa andar no cavalinho, no meu caso com o desdentado do meu irmão ao lado,dar pão aos patos também era imperativo,( houve um dia que estava tão contente que mergulhei naquelas águas verdinhas e fresquinhas, era Verão por sorte)e eu que gostava de me meter com a chica, aquela macaca antipática e interesseira, que só se mexia se lhe dessemos comida...!Também deixei de lá ir há muito tempo , porque realmente já não me atrai e tenho pena...muita pena!
ResponderEliminarTodas essas recordações me são comuns também...
ResponderEliminarMas ao contrário de vocês, frequento com alguma assiduidade o espaço, mais concretamente o parque infantil, pois sou mãe de uma pequenita que adora lá ir.
Não acho que tenha mudado para pior, nós é que já não somos as crianças dessas recordações...
Acho, que continua a ser um dos espaços mais bonitos e agradáveis da cidade.
ResponderEliminarO jardim público tinha aquela originalidade: a data mudava todos os dias e era feita de arvustos plantados em pequenos vasos enterrados na terra.
ResponderEliminaruma boa razão, só acho que não devia ter muros, ser como o parque da cidade e os novos jardins.
ResponderEliminara macaca, lembro-me que era chica, o ponei, não me lembro do nome...
É interessante, pela recolha de opiniões que tenho vindo a fazer, verifico que os comentário são colocados, regra geral, por jovens entre os 25 e os 40.Todos eles saudosos de um passado recente.Imaginem que era malta de 50 ou 60....M&M
ResponderEliminarTambém lá entro muito raramente, não porque não goste da natureza, mas - não sei bem porquê...
ResponderEliminarEsqueceste-te de um facto importante que se prende com este jardim: é passagem obrigatória para qualquer caravana de casamentos, para tirar as obrigatórias fotografias :)
@zig - está na ultima linha..
ResponderEliminar@zig - está na ultima linha..
ResponderEliminarA égua tinha o nome de Gabriela, salvo erro...M&M
ResponderEliminarApesar de estar em profundo desacordo com as suas ideias politicas, estou a acompanhar com muito interesse as suas 100 razões. E está a sair-lhe muito bem! Devia fazer um livro sobre isto!
ResponderEliminarHoje está de parabens!
No jardim a Primavera não se faz anunciar. Surge orvalhada numa manhã qualquer sem se importar com o calendário.Sem ter em conta as manchas de cores, o brilho da terra orvalhada, o sol aquecendo as pétalas dos miosótis, as aves riscando as manhãs limpas e claras de março. O cheiro da relva aparada, os homens mondando os canteiros, podando as roseiras, manhã cedo,aindamal a claridade definia os vultos que atravessavam o jardim em direcção ao mercado. O Ti Augusto, guarda do jardim, com a bondade no rosto e os olhos aguados de azul;os barcos a remos no lago grande; os pedaços de pão para os patos que, sorrateiros, trazíamos de casa e trocávamos por umas voltas á medida de quem nunca tinha visto o mar....M&M
ResponderEliminar@h - Estás a ver, a ideia que sugeri logo na 1ª ou 2ª razão (compilar tudo num livro), cada vez tem mais adeptos. Toca a pensar nisso seriamente!
ResponderEliminaro pónei era de facto uma égua! e na altura o preço que me lembro era de 5 escudos (2,5 cêntimos) those were the good old days...
ResponderEliminargreetings
jh
adenda......"umas voltas á medida de quem nunca tinha visto a mar.
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