O espólio da passagem alemã por Beja, parece-me uma razão de encantamento sobre a cidade! Confesso que tive dúvidas para catalogar esta razão, na desesperada escolha pelo vocábulo que me parecia o mais indicado. Como escrever sobre a passagem dos militares pela nossa cidade é penetrar no delicado campo que nos faz emergir uma complexa relação de amor e ódio, que caracteriza a relação que muitos de nós temos com a nossa Pax-Júlia.
Prometi a mim mesmo não tecer críticas nestas cem razões, uma espécie de catarze de muitas outras coisas escritas; mas hoje, é mais dificil do que nunca! O legado dos militares alemães é impressionante: um bairro com deslumbrantes condições e delineado com arte e engenho, um campo de futebol, a famosa mata de Beja (que com toda a certeza terá direito a um post!), um hotel, bares e restaurantes, uma ciclovia (construída numa altura em que a palavra ainda não existia no léxico lusitano) e uma base aérea que a incompetência dos homens ainda não permitiu que se tornasse um Aeroporto!
Entristece-me que nada mais tenha ficado da presença alemã que as infra-estruturas e o nosso amigo Zig. Devia ser motivo de reflexão, as complexas motivações para que a cidade não tenha optimizado o enorme espólio da Força Aérea alemã! Porque apenas analisando os erros do passado se conseguem impedir que se repitam no futuro os mesmos dislates...
Mas, este é um momento para pensar positivo e enaltecer as virtualidades; podia juntar ao que já escrevi, a importância da presença alemã para a economia regional, os cafés, bares, restaurantes, supermercados e algum comércio tradicional, que viveram naquela época os seus anos dourados! Mas afirmá-lo era contrariar as minhas mais intimas convicções, valorizar o acessório esquecendo o essencial; sim, porque o essencial da presença alemã foi o privilégio único de viver um choque de antagónicas mentalidades e culturas, permitir o convívio com a diferença, o papel decisivo na luta contra valores de conservadorismo provinciano, a irrepetível virtude que havia vida para além da planicie...
Prometi a mim mesmo não tecer críticas nestas cem razões, uma espécie de catarze de muitas outras coisas escritas; mas hoje, é mais dificil do que nunca! O legado dos militares alemães é impressionante: um bairro com deslumbrantes condições e delineado com arte e engenho, um campo de futebol, a famosa mata de Beja (que com toda a certeza terá direito a um post!), um hotel, bares e restaurantes, uma ciclovia (construída numa altura em que a palavra ainda não existia no léxico lusitano) e uma base aérea que a incompetência dos homens ainda não permitiu que se tornasse um Aeroporto!
Entristece-me que nada mais tenha ficado da presença alemã que as infra-estruturas e o nosso amigo Zig. Devia ser motivo de reflexão, as complexas motivações para que a cidade não tenha optimizado o enorme espólio da Força Aérea alemã! Porque apenas analisando os erros do passado se conseguem impedir que se repitam no futuro os mesmos dislates...
Mas, este é um momento para pensar positivo e enaltecer as virtualidades; podia juntar ao que já escrevi, a importância da presença alemã para a economia regional, os cafés, bares, restaurantes, supermercados e algum comércio tradicional, que viveram naquela época os seus anos dourados! Mas afirmá-lo era contrariar as minhas mais intimas convicções, valorizar o acessório esquecendo o essencial; sim, porque o essencial da presença alemã foi o privilégio único de viver um choque de antagónicas mentalidades e culturas, permitir o convívio com a diferença, o papel decisivo na luta contra valores de conservadorismo provinciano, a irrepetível virtude que havia vida para além da planicie...
Mais um belo post!
ResponderEliminarBoa semana!
Dessa estava eu à espera :))
ResponderEliminarMas descansa, "sobraram" mais alemães por cá, o nosso amigo Di Núncio é apenas um deles.
Na lista de infrastructuras falta acrescentar a piscina descoberta e o mercado municipal. Mas, será mesmo só isso que sobrou da presença alemã? Creio que não. Muitas centenas de trabalhadores portugueses passaram pela base e continuam com as suas histórias por lá passadas a lembrar a presença dos meus conterrâneos.
Pessoalmente digo que foram os meus melhores 4 anos da minha vida (1983-87), ganhava muito (em comparação com o que se ganhava cá fora) e fazia-se pouco. Hoje, é ao contrário...;)
Claro que infrastructuras dessas nunca podiam ter sido mantidos como os alemães o fizeram. O enorme Bairro Alemão é disso apenas um exemplo. Costumo dizer que a FAP recebeu um presente que não quis, que não estava preparado para o receber.
A questão dos comerciantes talvez seja um pouco enganador. Não eram assim tantos os alemães que se abasteciam em Beja e os que o fizeram iam a poucos locais restritos. Claro que era uma força consumidora considerável, mas não era assim tão grande como muitas vezes a descrevem.
Já uma vez quis escrever juntamente com amigos meus uma espécie de um livro sobre a presença alemã em Beja e no Alentejo, mas falta-me o tempo para isso...;)
Já agora uma curiosidade que muito pessoal não sabe o "bairro alemão" era para ser muito maior do que acabou por ser, era para na versão original chegar praticamente ao Penedo Gordo.
ResponderEliminarA estadia dos alemães em Beja teve, como acontece sempre, coisas boas, outras menos boas e algumas mesmo más. Seria interessante fazer um debate acerca da presença dos alemães em Beja. Será que há 5o bejenses a isso dispostos? Ainda há meia dúzia de pessoas desse tempo. A talhe de foice lembro-me do Howel Franco e sua esposa, do João Espinho do Zig.Como estão a ver, não sou a pessoa mais acertada para tratar deste assunto. NO entanto, se aparecerem aqui 50 pessoas a dar o seu testemunho, prometo avançar com isso.M&M
ResponderEliminarO Zig tem de escrever esse livro, para a memória, se possível, contando também a visão alemã.
ResponderEliminarEu comprava esse livro!
(se não fosse muito grosso!)
Subscrevo a sugestão do M&M. Seria importante debater um período da Cidade quase "esquecido" por uns e ignorado por outros...
ResponderEliminarParabéns pela ideia de apontar e descrever as 100 razões...
Os casamentos luso-germânicos são também uma consequência da presença alemã em Beja.Foi um fenómeno social que, segundo me parece, não foi devidamente estudado pelas ciências sociais.
ResponderEliminar@vitor - Tem total razão. Aliás, pensei ao escrever a ultima linha. Até porque por razões familiares, acompanhei o fenómeno!
ResponderEliminar@zig - Era um excelente documento histórico. E junto outro nome: o meu querido amigo Kelly!
ResponderEliminarNo local onde vivia em Beja, havia uma família, da qual 2 das 3 filhas casaram com alemães que estavam a trabalhar na base.
ResponderEliminarE a torre do bairro alemão, aquele prédio que inovou e rompeu com a estética dominante na planície. Era uma delícia para todos nós, que frequentávamos a escola primária ali perto. Recordo com bastante simpatia os primeiros contactos com um elevador e um prédio taão alto. Às escondidas, entrávamos naquela torre e subíamos e descíamos de elevador, quando saíamos das aulas.
ResponderEliminarE a torre do bairro alemão, aquele prédio que inovou e rompeu com a estética dominante na planície. Era uma delícia para todos nós, que frequentávamos a escola primária ali perto. Recordo com bastante simpatia os primeiros contactos com um elevador e um prédio taão alto. Às escondidas, entrávamos naquela torre e subíamos e descíamos de elevador, quando saíamos das aulas.
ResponderEliminarClaro, o Kelly, ainda o Miguel das cozinhas, mesmo não ter estado na base como soldado, e outro que sinceramente não me lembro do seu nome, anda numa grande carrinha branca. Fora de Beja há inúmeros, na Cabeça Gorda, Beringel, Neves e mais longe, Algarve, Lisboa, Porto - you name it!
ResponderEliminarSabiam que a Torre está vazia??? Não se podia fazer ali casas para pessoal que tem poucas possibilidades em adquirir casa própria???
Ainda o livro: Terei todo o gosto em colaborar na elaboração de um livro desses, agora, fazer eu próprio só das minhas experiências pessoais que não foram assim tão poucas - como por exemplo um casamento "inter-cultural" entretanto já desfeito...
Só que, já passaram 14 anos desde que o último alemão ligado à essa base deixara o nosso Alentejo, qq dia cai no esquecimento...;)
E que dizer da Casa Alemã.
ResponderEliminarDo casal Bernd e D.Céu e o "menino" que hoje é um Homem. Do excelente restaurante por onde passaram entre outros o Vital do "Pé de Gesso", como barman o Sr.João Barbas. Das segundas-feiras a ver as filmagens da Bundesliga (liga alemão de futebol), das Passagens de Ano, Os "estramelos" a 20 escudos, oas chocolates, e os fumadores, nunca fumaram tão barato, nomeadamente, Marlboro King Size, como nesse altura.
E a acústica da sala, uma das melhoeres de Portugal. Ates de serem aquilo que sãohoje e já como Clube dos Sargentos da FAP, passaram Mariza, Mafalda Arnualt, o nosso saudoso António Heleno e muitos outros.
A Carla Matadinho, ganhou ali a sua primeira coroa como miss, foi eleita Miss Sporting do Núcleo Sportinguista de Beja.
Em função de casamento germano-austriaco, viveram em Beja durante muitos anos, a irmã (Erika) e o sobrinho de Arnold Schwarzenegger (PatricK), que jogou futebol na Zona azul.
Correcção de alguns erros (desculpem):
ResponderEliminarE que dizer da Casa Alemã.
Do casal Bernd e D.Céu e o "menino", o filho, que hoje é um Homem. Do excelente restaurante por onde passaram entre outros o Vital do "Pé de Gesso", o Sr.João Barbas, como barman. Das segundas-feiras a ver as filmagens da Bundesliga (liga alemão de futebol), das execelentes Passagens de Ano, Os "estramelos" a 20 escudos, os chocolates, e os fumadores, nunca fumaram tão barato, nomeadamente, Marlboro King Size, como nessa altura.
E a acústica da sala, uma das melhores de Portugal. Antes de serem aquilo que são hoje, e já como Clube dos Sargentos da FAP, passaram Mariza, Mafalda Arnualt, o nosso saudoso António Heleno e muitos outros.
A Carla Matadinho, ganhou ali a sua primeira coroa como miss, foi eleita Miss Sporting do Núcleo Sportinguista de Beja.
Em função de casamento germano-austriaco, viveram em Beja durante muitos anos, a irmã (Erika) e o sobrinho de Arnold Schwarzenegger (PatricK), que jogou futebol na Zona Azul.
as primeiras gajas nuas e boas que vi na minha vida foi nas revistas alemãs que a minha vizinha trazia da casa deles. Que delicia a sexualidade precoce, em todo o seu esplendor e eu deliciado, babando-me ás escondidas,,,,M&M
ResponderEliminarObrigado pela simpatia, LG.Falar dos alemães em Beja deve, em minha opinião tocar os seguintes temas: urbanismo e arquitectura, mudanças sociais(musica, sexualidade, hábitos)relações de amizade.eeeeeeeeeeeeeee
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