terça-feira, janeiro 20, 2009

100 razões para amar Beja - 13

Não deixa de ser premonitório a sina de que esta seja a décima terceira razão! E talvez mais uma estranha razão, mas entendi escolher a sopa de cação dos Infantes (tive tremendamente tentado a eleger a perdiz estufada em cama de couve, mas cedi aos impulsos do paladar e fiz uma escolha mais genuinamente tradicional), sem escamotear a contradição de vos aguçar o apetite com algo que já não é possível saciar!
Não deixa de ser curioso que Beja tenha uma excelente gastronomia e sejam raros os locais onde nos podemos deleitar na mesa! E não me lixem com o desbarbado argumento do diminuto poder de compra, porquanto, bastam vinte quilómetros para arribar a Serpa, onde o poder de compra é inferior e sem problemas consigo identificar cinco restaurantes deliciosos (Molha o bico, Tradição, Alentejano, Lebrinha - para quem ao contrário de mim o aprecia - e o meu predilecto, Pedra de Sal). Beja, por misteriosas e estranhas razões, sempre foi pródiga em cervejarias - esmagadoramente frequentadas por homens -, algumas tascas de bom prato, mas mitigada em Bons restaurantes. Fecho os olhos e recordo os gloriosos anos do Restaurante a Esquina (que agora é possível matar saudades no Frango à Guia, onde regressou o talento singular da D. Isabel Proença) e os Infantes, que no fim da década de noventa foi um caso único de sucesso gastronómica na cidade, apesar de desde o primeiro dia ser alvo do arrogante desprezo da maioria dos bejenses! Aliás, eu próprio, mantive uma estranha ligação com os Infantes, a mistura da soma de incontáveis prazeres gastronómicos, com o ressentimento por uma espécie de intrincado dique que separou águas que juntas corriam para o mar!
Mas, regressemos à mesa dos Infantes, contemplemos as paredes caiadas e as suas abóbadas cuidadas, deixemos trazer as entradas - aconselho a orelha de porco, os enchidos e os torresmos, um queijo de cabra caso ainda lhe sobre gula -, um vinho, necessariamente tinto e esperemos com calma que as sopas fervam em lume brando, para se sentarem na mesa encamadas numa terrina de barro, acompanhadas por finas fatias de pão alentejano, que se apaixonam no prato, deixando suar o cheiro a vinagre! E se conseguir suportar, se o estômago ainda lhe der consentimento, perda-se nos doces conventuais.
Dizem-me que a porta está fechada. Mas fecho os olhos, seduzo os sentidos e fico com a certeza certa que os Infantes ainda lá estão...

18 comentários:

  1. Anónimo00:21

    Quase que irrita a sua capacidade de nos fazer regressar aos bons tempos do passado! Muito bom o texto!

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  2. Que belas lembranças desse lugar, antes da discoteca lá em cima abrir, pois claro - outro livro que podia escrever :)

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  3. Anónimo11:40

    Certamente deixou todos os leitores de água na boca, com essa excelente descrição. Só faltou para rematar uma fatia da soberba tarte do Convento de Nossa Sra. da Conceição .. ui ui

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  4. Anónimo12:21

    Em todos os sitios da nossa regiao se come bem...mas infelizmente teremos de concordar que Évora tem os melhores restaurantes...

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  5. Anónimo14:04

    e sem dúvida q a melhor sopa de cação é no restaurante " Martinho" no Largo Luís de Camões, em Évora... e a açorda de marisco e o arroz de lebre, no restaurante 1/4 para as nove tb em Évora... já para não falar no restaurante "Fialho" e as suas migas de espargos com carne de porco preto grelhada... e o melhor assado de lebre em minha casa!

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  6. @anónimo - Come-se mto bem em Évora. Aliás, quando era novo e saudável, o meu passatempo era comer eborenses!

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  7. Anónimo15:38

    lolol meu caro h, isso de comer eborenses tem que se lhe diga! ;)mas em termos gastronómicos évora tem talvez o melhor restaurante de todo o alentejo (pelo menos dos que eu já frequentei), ainda que seja obscenamente caro mas também obscenamente bom! nao, nao é ca nenhum fialho, mas sim a Tasquinha do Oliveira!

    jh

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  8. Anónimo16:57

    H estou como tu, que belos eram os tempos em que se comia belas eborenses...

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  9. Anónimo20:39

    Isso de gastronomia tem muito que se lhe diga.
    E o melhor restaurante do Alentejo é, sem dúvida, o Vila Velha, em Vidigueira.
    Que o diga o João Soares, sim o filho do Mário, e o Comandante de Grandola, que repastavam com muito apetite um belo polvo à lagareiro, e um naco com oregãos.

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  10. Anónimo22:29

    Ouvi falar de um restaurante em Vila de Frades, "País das uvas"(caseiríssimo), 5 estrelasdizem, mas ainda não calhou lá ir...

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  11. Anónimo22:29

    Ouvi falar de um restaurante em Vila de Frades, "País das uvas"(caseiríssimo), 5 estrelasdizem, mas ainda não calhou lá ir...

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  12. Anónimo14:36

    OLhem que o velhinho Luis da Rocha, apesar de não deslumbrar tem um serviço decente com uma ementa confiável e o preço não incomoda uma bolsa proletária como a minha. Neste campeonato já vi que nao tenho hipóteses. A título de exemplo,segunda feira dirigi-me com a familia para jantar fora, mais valia ter jantado na varanda.Fui ao espelho de água; fechado, a seguir dirigi-me ao D: DInis. Não sabia que tinha mudado de gerencia. Eram cerca de 19h.Empurrei a porta e o que seria expectável em qualquer lugar do mundo seria me acolherem.Aqui quase que fui abalroado pelo atrevimento de incomodar. Foi uma pena nao me ter deixado guiar pelo instinto. Entrámos, não sei se algum dos funcionários nos deu as boas noites. Sentámo-nos a admirar a excelente decoração, da qual tirei fotos para mostrar mais tarde. Não vou descrever a cena, porque não tenho vagar e nem paciência.Da próxima vez nem tento, rumo a todo o lado menos ali, Agora por isso, disseram-me que se come muito bem na Trindade,Salvada,São Brissos.M&M

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  13. Anónimo15:34

    h, em informação e conhecimentos gastronómicos, o meu amigo, deixa muito a desejar.Enfim o seu histórico também não ajuda muito. As coisas aprendem-se para cima dos 40.

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  14. Anónimo15:38

    O garganeiro de evora ainda acaba por dizer que Beja não existe ou que o porquinho doce da sua cidade é melhor do que o nosso.É este preconceito saloio que me cheteia solenemente nos gajos de èvora.

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  15. @anónimo 3.34 - Obviamente que sim! São as minhas razões e como tal historicamente datadas! E com uma imensa carga de subjectividade! Assumo-o sem pejo!

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  16. @jh numa travessa em frente á tasquinha do oliveira existe um restaurante chamado O Sobreiro onde a comida é tambem muito boa e difere em duas coisas importantes do anterior: a baixela é de menor gabarito e o preço é por um terço.

    @M&M engraçado a seu post... antes do ler ia arriscar postar o D Dinis como o melhorzinho de Beja embora lá não vá á um ano ou dois... mas sempre fui bem atendido.

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  17. Anónimo22:29

    Gostos não se discutem.
    H dava um bom post, discutir a gastronomia da n/ cidade e todas as suas variáveis.
    Pense nisso.

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  18. @anónimo 10.29 - Gostei da ideia! Deixe-me pensar como lanço o repto!

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!