Os meus ilustre colegas advogados andam indignados com um Parecer que dá poderes à ASAE para inspeccionar escritórios de advogados, nomeadamente a exigência de uma tabela de honorários e a existência de livros de reclamações. Porque perguntar não devia ofender: o que tanto temem os advogados?
Até me apetecia responder-te, confesso, mas não devo, sob pena de ser incorrecta contigo. E isso, não me apetece mesmo.
ResponderEliminarCara Drª Trenga... perguntar não devia ofender, mas, era claramente uma provocação (vide tag)! Mas.. apesar de achar uma parvoíce, não vejo o que justifica a indignação expressa nas "listas" privadas...
ResponderEliminarNão mexas no clã dos advogados que podes sair chamuscado.
ResponderEliminarA classe quer tar acima da ASAE.
Subscrevo: DO QUE TEM MEDO OS ADVOGADOS, AFINAL?
hehehehe
ResponderEliminartantas pontas soltas
aiaiaia os advogados, mais uma classe intocavel????????
é assim neste pais de bananas
REVOLUÇÃO
SERÃO OS ADVOGADOS OS NOVOS FILANTROPOS.
ResponderEliminarNão nos podemos esquecer que os Advogados são das profissões liberais que pagam menos IRS.
ResponderEliminarEu também não percebo qual é a "espiga"...quem me dera a mim que que as exigencias para eu ter a porta aberta, se limitassem ao livro de reclamações e à tabela de honorários afixada... se prestam serviços e são remunerados porque têm de ser diferentes dos outros trabalhadores? Além de que, ter acesso ao Livro de reclamações é um direito do consumidor e do cliente.
ResponderEliminarJá alguém disse:« a ignorância é muito atrevida».Por acaso saberão o que é um escritório de advogado?...
ResponderEliminarUma sugestão: Livros de reclamações nas igrejas...já!
António formou-se em Direito vai para 12 anos. Na altura ainda pensou seguir a carreira de juiz: concorreu ao CEJ, mas dos 1.200 concorrentes não foram apurados mais de 112.
ResponderEliminarAntónio pensou que não poderia passar a vida a fazer concursos, tanto mais que já tinha casado e a barriga da Ana, sua mulher, crescia a olhos vistos, transmitindo-lhe a certeza de que daí a dois meses, mais coisa menos coisa, seria pai e teria mais uma boca para alimentar.
Até então tinham vivido com o pequeno ordenado da mulher, professora sem vínculo à carreira, e com alguma ajuda dos sogros. António pensava na vida e à noite, quando o casal tinha um pouco de tempo para o descanso, transmitia à mulher a sua amargura por nem sequer poder ostentar um título ou carreira, a não ser a licenciatura que tanto custara a seus pais, para quem o dinheiro era bem escasso.
- Faz-te advogado, homem! Ao menos ficas com um título e bem pode acontecer que arranjes qualquer coisa…
António seguiu o conselho e vá de se inscrever na Ordem.
Entretanto, por intermédio dum amigo, antigo companheiro de Faculdade, arranjaram-lhe um biscate numa companhia de seguros, contrato a prazo já se vê, onde foi pondo em ordem uns ficheiros que há muito aguardavam mão de alguém para serem devidamente catalogados. O contrato foi-lhe renovado e António, mesmo sabendo que aquilo não era o que havia sonhado para o seu curso de Direito, sentia que podia assim contribuir com algum para as despesas da família.
E o estágio de advogado também lá ia correndo menos mal, tanto mais que o Dr. Arisco, seu patrono, não o queria ver no escritório senão às sextas feiras e só depois do expediente. António conseguia assim conjugar lindamente o trabalho com o estágio, sem precisar de inventar doenças ou outras maleitas para meter umas faltas lá na seguradora, o que viria a reflectir-se no vencimento ao fim do mês.
Está-lhe bem vivo na memória aquele dia em que, finalmente, pôde fazer a prova de agregação. E embora lhe tenham feito perguntas sobre questões que nunca tinha sequer imaginado, a sua força de vontade era tanta que lá conseguiu passar.
Já com a cédula de advogado nas mãos, apresentou-se ao seu chefe lá na companhia, o qual o recebeu com grandes encómios e muitos parabéns.
A coisa não havia de cair em saco roto, não!
Algum tempo depois, o chefe mandou-o chamar e, conversa para aqui, conversa para acolá, disse-lhe que a companhia estava interessada em contratá-lo para prestar apoio jurídico ao Dr. Roberto que tinha a seu cargo todos os casos de falsos atestados médicos do pessoal e mais qualquer coisa que António, na altura, não percebeu muito bem. Claro que aceitou, tanto mais que se acabavam os contratos a prazo e a angústia permanente de poder ser despedido a qualquer momento.
António, advogado, funcionário da companhia de seguros, continua a fazer contactos, preenche papéis e faz muitos telefonemas para casa dos colegas que estão de baixa. Ensinaram-lhe que deve perguntar pelo doente, fazer perguntas triviais e não entrar em grandes pormenores sobre a doença que obriga à baixa. Posta assim a coisa, até que não é difícil fazer aquelas 7 horitas de trabalho diário e, se bem que o vencimento não seja por aí além, a vida vai correndo sem grandes sobressaltos.
António só se lembra que é advogado quando vem o aviso para pagar as quotas para a Ordem, que isso não pode deixar de fazer, até porque, como lhe disse o Branquinho, aquele mesmo antigo condiscípulo que lhe arranjou o emprego, podia ser suspenso, e António não pode dar-se a tal luxo perante os seus superiores que o promoveram porque até era advogado….
Salvo um caso dumas partilhas que se meteu a tratar com procuração passada por um parente afastado por parte de sua mãe e que só lhe trouxe amargos de boca pois que, além de lhe terem ficado a dever os honorários, espantados com o desplante de pretender cobrar por umas reles diligências em que só teve que se deslocar duas ou três vezes ao tribunal de Algodres de Baixo, António nunca vai esquecer o vexame que passou com aquela juizinha que, a cada frase sua, só fazia era olhar espantada para o colega que ali também estava em representação da parte contrária. Ná, deixasse-se ficar ali no meio dos papeis e telefones da companhia que não estava nada mal.
Já lá vão 22 anos desde que António saiu, radiante, da sala da Faculdade onde fez o último exame e conseguiu o canudo de Direito.
Mas António é ainda advogado, caramba! E até costuma ir pôr o seu voto para a eleição do Bastonário e outra gente que não conhece e de quem nunca ouvir falar.
Será que a ASAE se lembrará algum dia de investigar o escritório de António? Ver se tem lá tabela afixada? E livro de reclamações? E extintor de incêndios?
Nunca tal passou pela cabeça de António.
Mas duma coisa ele tem a certeza: é ADVOGADO como os outros!
Lamarosa de Santarém, 14 de Janeiro de 2009
Os advogados são uma das classes de profisionais liberais que menos rendimentos declaram.
ResponderEliminarAcho que assim está explicada a indignação! Já ganham tão pouco e se os fiscalizam então não dá sequer pras quotas da ordem.
Eu pessoalmente não sou frequentadora de igrejas, nem casei sequer pela institução, mas se fosse esse o caso e vendo bem a situação dava jeito o dito livro pois poupava-me uma devolução á fabrica (mãe)do "artigo" estava cheio de defeitos e nem garantia trazia...e continuo sem perceber qual é a diferença entre um escritório de advogados e os outros trabalhadores liberais explique-me se faz favor como se eu fosse ainda mais burra e ignorante!
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