Por um amplo conjunto de razões, devo ser a pior pessoa no mundo para escrever este texto! Envergonhadamente confesso que até durante muito tempo estive indeciso se esta era boa razão para amar Beja... ou um excelente motivo para a odiar! Se é que existe uma verdadeira fronteira entre amar e odiar, porquanto, bem mais vezes do que gostaríamos, damos por nós a amar aquilo que sempre pensámos odiar...
Muitas vezes os nossos maiores defeitos tornam-se nas nossas mais exuberantes qualidades! E com as cidades acontece algo semelhante: o facto de Beja ser uma cidade pequena, carrega consigo a qualidade de todos saberem o seu nome!
Obviamente que não todos todos, nem de todos, todos! Mas Beja é ainda uma cidade em que vamos ao café e basta sentar na mesa (ou preferencialmente numa cadeira, mas usar a locução "mesa" confere mais poesia à prosa), para que alguém que sabe o teu nome te traga sem pedires o que queres beber (ou seja café e JPS). Uma cidade onde se vais ao Modelo, o casal que está à tua frente na fila (não bicha!!!) te oferece os pontos no cartão (tinha de escrever isto!), onde no restaurante tens a tua mesa e até te fazem um prato que não está na ementa, porque conhece os teus desejos e caprichos; um local onde te dizem bom dia na papelaria, onde sabem quais os teus jornais e revistas, que comentam com elogio ou crítica as tuas crónicas!
Não sou hipócrita e escamotear que o facto de todos saberem o teu nome tem aspectos negativos: especialmente se tiveres o azar de conjugar o facto de ser tímido e trombudo e ter uma tremenda e histórica dificuldade em decorar nomes de pessoas, mesmo de gajas, mesmo das boas! Mas apesar do entediante de algumas ressabiadas comentarem a vida dos outros, morar uma cidade pequena onde há sempre um tio que é vizinha da prima de alguém, onde todos fomos colegas de escola ou de futebol, onde te sabem o nome e a tua história, onde te recebem com um sorriso quando vais todo coxo e torto tirar um raio X e te gozam na cara quando te dão uma treta para proteger a pila (também tinha de escrever isto), tem a estranha vantagem que só percebemos quando perdemos: o estranho prazer de não ser invisível, de não ser apenas mais um perdido numa multidão indiferente. Sim: porque há coisas que só damos o devido valor depois de as perder...
Muitas vezes os nossos maiores defeitos tornam-se nas nossas mais exuberantes qualidades! E com as cidades acontece algo semelhante: o facto de Beja ser uma cidade pequena, carrega consigo a qualidade de todos saberem o seu nome!
Obviamente que não todos todos, nem de todos, todos! Mas Beja é ainda uma cidade em que vamos ao café e basta sentar na mesa (ou preferencialmente numa cadeira, mas usar a locução "mesa" confere mais poesia à prosa), para que alguém que sabe o teu nome te traga sem pedires o que queres beber (ou seja café e JPS). Uma cidade onde se vais ao Modelo, o casal que está à tua frente na fila (não bicha!!!) te oferece os pontos no cartão (tinha de escrever isto!), onde no restaurante tens a tua mesa e até te fazem um prato que não está na ementa, porque conhece os teus desejos e caprichos; um local onde te dizem bom dia na papelaria, onde sabem quais os teus jornais e revistas, que comentam com elogio ou crítica as tuas crónicas!
Não sou hipócrita e escamotear que o facto de todos saberem o teu nome tem aspectos negativos: especialmente se tiveres o azar de conjugar o facto de ser tímido e trombudo e ter uma tremenda e histórica dificuldade em decorar nomes de pessoas, mesmo de gajas, mesmo das boas! Mas apesar do entediante de algumas ressabiadas comentarem a vida dos outros, morar uma cidade pequena onde há sempre um tio que é vizinha da prima de alguém, onde todos fomos colegas de escola ou de futebol, onde te sabem o nome e a tua história, onde te recebem com um sorriso quando vais todo coxo e torto tirar um raio X e te gozam na cara quando te dão uma treta para proteger a pila (também tinha de escrever isto), tem a estranha vantagem que só percebemos quando perdemos: o estranho prazer de não ser invisível, de não ser apenas mais um perdido numa multidão indiferente. Sim: porque há coisas que só damos o devido valor depois de as perder...
A tua última frase é espectacular.
ResponderEliminarTambém vives numa cidade que tem imensos paparazis(?), que até sabem para onde vais e te perseguem....
Concluindo:
ResponderEliminarÉ BOM VIVER EM BEJA!!
Eu concordo! só falta o resto.
Isso é mesmo verdadinha...
ResponderEliminarFoi disso mesmo que senti, e sinto, falta em lx! Conquista-se aos poucos, mto lentamente qdo não estamos na nossa terra...
Obgd por descreveres tão bem algo que nós, os emigrantes no nosso próprio país, sentimos!
Gostas é de "aparcer" tu oh!
ResponderEliminarescuta..... vai mas é trabalhar oh!
Anónimo anterior » Acabadinho de entrar no serviço!...Hã...
ResponderEliminarSe o Xico sabe, vocemessê fica com o caldo entornado.
H » "..onde no restaurante tens a tua mesa e até te fazem um prato que não está na ementa, porque conhece os teus desejos e caprichos..", phone-ix o menimo é mal tratado aí por Beja...
H, acredite que pelas grandes urbes ainda há desses mimos. Embora talvez não saibamos o nome uns dos outros ainda é possivel entrar na pastelaria habitual e ter o pequeno-almoço a aterrar no balcão ainda estamos a atravessar a estrada - o que às vezes nos obriga a "engolir o hábito" mesmo que quisessemos variar, mas perante tanta amabilidade quem é que vai ter coragem de dizer que naquela manhã o pão de cereais nos enjoa e que preferiamos uma torrada? - mas talvez para isso seja necessário, mais do que morar na provincia, ter saudaveis rituais (a que algumas pessoas chamam rotinas) e que conferem à vida a segurança de, não sendo todos os dias iguais, nos podermos encontrar em gestos que nos são comuns e que nos fazem sentir especiais entre a multidão. E que diabo, haverá alguém que não goste disso?!
ResponderEliminarBonito texto.
ResponderEliminarMas algumas das coisas que descreve não é exclusivo das cidades "pequenas". Nas cidades "grandes" também acontece, só que as fofocas e outras converas, ficam apenas no bairro onde se vive.
E acho que passarmos por invisiveis não é mau. Gosto de andar na rua sem ninguém me conhecer.
@PEdro - Eu assumi que devia ser a pior pessoa no mundo para escrever este texto...
ResponderEliminarFica-lhe bem escrever estas coisas em período de campanha eleitoral ...
ResponderEliminar;)
@anónimo: que coisas?!
ResponderEliminarExcelente texto!
ResponderEliminar:) :) :)
bjokas
Bonito e acertadíssimo texto, adorei (tinha de escrever isto!).
ResponderEliminarMesmo para aqueles como eu que "só" vive cá há apenas 26 anos sou bastante conhecido como o "alemão" (não me importo absolutamente nada que me chamam isto!), ou então, quando passo na minha antiga rua ainda me chamam de vizinho! Gosto disso!