"Um monumento, uma lápide, um tijolo
Faço parte da geração que participou na guerra do Ultramar. Uma guerra que não quis mas que fiz. Não andaram nesta guerra os beneficiários da portuguesíssima cunha mais os que fugiram ou desertaram.
Ontem, como hoje, vivemos numa sociedade organizada onde os cidadãos têm obrigações e direitos para com o seu País.
Fomos largas centenas de milhar que se sujeitámos ao encontro com uma bala, uma mina ou estilhaço de granada o que infelizmente aconteceu a alguns. Uma guerra é uma coisa horrível, é a maior injustiça do mundo, não faz qualquer sentido e é mortal.
Nos convívios anuais que os ex-combatentes costumam realizar, é impressionante o momento, em que os vivos, com lágrimas e raiva respondem PRESENTE em nome dos que já morreram.
Durante 14 anos passaram por esta guerra um milhão e tal de portugueses dos quais aproximadamente nove mil lá tombaram. Não há família em Portugal que desde filho ou marido não tivesse alguém relacionado com a guerra.
Por esse País fora, aldeias, vilas e cidades, autarquias e populações se unem e erguem um monumento pequeno ou grande ou simples memorial que honre e lembre os seus mortos.
Na nossa terra, em Beja que já tem ídolos e heróis para consumo partidário, não haverão meia dúzia de metros quadrados onde seja construído monumento, lápide ou colocado simples tijolo que perpetue a memória de alentejanos ou não que resolveram não quebrar aquilo que tinham jurado?
Apareçam progressistas, fascistas, libertadores, historiadores, investigadores, os que lá foram, os que cá ficaram a teorizar sobre a guerra, ninguém e jamais a apagarão da História deste Povo."
M.D.Horta
Faço parte da geração que participou na guerra do Ultramar. Uma guerra que não quis mas que fiz. Não andaram nesta guerra os beneficiários da portuguesíssima cunha mais os que fugiram ou desertaram.
Ontem, como hoje, vivemos numa sociedade organizada onde os cidadãos têm obrigações e direitos para com o seu País.
Fomos largas centenas de milhar que se sujeitámos ao encontro com uma bala, uma mina ou estilhaço de granada o que infelizmente aconteceu a alguns. Uma guerra é uma coisa horrível, é a maior injustiça do mundo, não faz qualquer sentido e é mortal.
Nos convívios anuais que os ex-combatentes costumam realizar, é impressionante o momento, em que os vivos, com lágrimas e raiva respondem PRESENTE em nome dos que já morreram.
Durante 14 anos passaram por esta guerra um milhão e tal de portugueses dos quais aproximadamente nove mil lá tombaram. Não há família em Portugal que desde filho ou marido não tivesse alguém relacionado com a guerra.
Por esse País fora, aldeias, vilas e cidades, autarquias e populações se unem e erguem um monumento pequeno ou grande ou simples memorial que honre e lembre os seus mortos.
Na nossa terra, em Beja que já tem ídolos e heróis para consumo partidário, não haverão meia dúzia de metros quadrados onde seja construído monumento, lápide ou colocado simples tijolo que perpetue a memória de alentejanos ou não que resolveram não quebrar aquilo que tinham jurado?
Apareçam progressistas, fascistas, libertadores, historiadores, investigadores, os que lá foram, os que cá ficaram a teorizar sobre a guerra, ninguém e jamais a apagarão da História deste Povo."
M.D.Horta
Lindo texto.
ResponderEliminarConvivo de perto com os horrores que essa guerra deixou para sempre na vida do meu pai. Não fisicamente, mas psicologicamente. O meu pai sofre de stress pós traumático. Foi pára-quedista e esteve durante cinco anos em Angola. Ficou marcado para sempre, algo que se acentua a cada dia que passa. Tem sido muito difícil tentar fazer com que procure ajuda, porque é assunto do qual não consegue falar, ou não quer.
Muito mais que um monumento, penso que é imprescindível a criação de grupos de auto ajuda, ou talvez consultas de apoio psicológico específicas para estes doentes.
Cá dá se mais importância a quem lutou contra a guerra do que a quem lutou na guerra.. prioridades
ResponderEliminar@ X -Eu nem acho que uma coisa seja contraditória com a outra: devemos homenagear quem lutou contra uma guerra que era estúpida, mas não podemos esquecer quem foi lutar "obrigado" em nome da Pátria, defendendo interesses que acreditava serem de todos!
ResponderEliminarE com toda a razão H. Não são de forma nenhum contraditórias, e devem ser ambos homenageados de igual forma. E defendidos os interesses de quem em nome da defesa da Pátria foi "obrigado" a lutar e quando voltou não teve o devido respeito e apoio, iniciando ai, por vezes, lutas muito mais inglórias do que as que travou com armas na mão.
ResponderEliminarNão podemos nem devemos tapar o sol com uma peneira. A diferença é enorme: Luta-se contra a guerra no café a tomar a bica ou na esplanada a beber cervejas e a exercitar discussões académicas.
ResponderEliminarLuta-se na guerra com a G3 na mãoe o inimigo no outro lado.
Estou com X.
ResponderEliminarUma guerra é uma inevitabilidade para quem é selecionado como guerreiro (não incluo os mercenários ou os guerreiros por vocação).
Aquele não pode questionar a justeza da causa que irá defender, pois já alguém o fez por ele.
Ser CONTRA é bem mais fácil, mesmo que tal implique o desconforto de um exílio.
H e em relação aos outros que tinham as suas vidas lá?
ResponderEliminarMuitos vieram com uma mão à frente e outra atrás. Deixando para trás uma vida de sacrificio e muitos bens.
Quando cá chegaram eram os mal amados, chamavam-lhes os retornados.
Quem os compensou com o que lá deixaram? Começaram outra vez da estaca zero.
SGPAX - Obviamente que também esses merecem o reconhecimento por parte do Estado!
ResponderEliminarH
O tema é sério e actual, ainda cá andam, pelo menos metade dos que"tiveram a inevitabilidade de serem seleccionados para guerreiros" (bom post). Mas porque razão é que "por cá se dá mais importância a quem lutou contra a guerra do que quem lutou na guerra (óptimo post)?
ResponderEliminarquem melhor poderá dizer da guerra, quem esteve na guerra ou a viveu indirectamente através dos seus familiares...
ResponderEliminarA dor e o sofrimento de uma mãe ( e de um pai) foram decerto maiores do que quem esteve na guerra.
ResponderEliminarGostei, Manel Jours,no entanto, esqueces-te de todos que na rectaguarda velávamos por vós!
ResponderEliminarTive o privilégio de ser TROPA, cumpri as minhas obrigações, mas, não fugi, não fui combatente no ultramar, porém sempre estive disponível, para o que desse e viesse. Muitos dos que agora detêm o poder, foram de rabo entre as pernas para exílios? vivendo à grande e á francesa. São portugueses? Não, foram cobardes!
Um alentejano.
Gostei, Manel Jours,no entanto, esqueces-te de todos que na rectaguarda velávamos por vós!
ResponderEliminarTive o privilégio de ser TROPA, cumpri as minhas obrigações, mas, não fugi, não fui combatente no ultramar, porém sempre estive disponível, para o que desse e viesse. Muitos dos que agora detêm o poder, foram de rabo entre as pernas para exílios? vivendo à grande e á francesa. São portugueses? Não, foram cobardes!
Um alentejano.
Noticia hoje publicada no diário do Alentejo - A Câmara Municipal de Beja e a Junta de Freguesia de Baleizão, vão inaugurar, na terça feira 19 pelas 18 horas em Baleizão, o monumento "A força de um povo", no ambito das comemorações do assassinato de Catarina Eufémia, que ficará perpetuado no Parque Àlvaro Cunhal
ResponderEliminarMeu caro Francisco, sei que não fugiste, sei que não és cobarde,sei que não foste lá por uma questão de classificação no curso, sei que a todo o momento podia acontecer e também sei que estavas preparado. Sei,ainda do teu carácter e não te incluiria em qualquer grupo. Um abraço
ResponderEliminarA tua observação, revela o teu veneno doce, continua a mandar os teus escritos, muita gente desconhece essa tua aptência para as letras, com rigor no texto, que qualquer comum compreende.Vai pensando em algo mais profundo, nomeadamente, sobre as gentes da tua TERRA!
ResponderEliminarNa altura, dedicar-te-ei uma moda!Até um dia, Manel Jours.
1º.anónimo:As consequências da guerra estão espalhadas por milhares de lares portugueses, directa e indirectamente, os que sofrem e os que fazem sofrer as familias. O flagelo do pós-traumático!
ResponderEliminarEste governo não tem sensibilade para perceber o que se está a passar, mas não tem o direito de ignorar ou subverter a verdade
Um país sem memória e sem passado, só
ResponderEliminarpode ser uma nação à deriva. E a guerra que ao longo de 13 longos anos envolveu milhares e milhares de portugueses, de diferentes cores e credos, não nos pode ser indiferente.Não fazer de conta que nada se passou. Que o digam as famílias, que de norte a sul, viram desaparecer na voragem da guerra os seus entes mais próximos, num luto, que a distãncia avolumava|Em África pereceram muitas esperanças, mas por muito que isto custe a alguns, floresceram, cimentadas por um sentimento comum, aquilo que o ser
humano tem de mais nobre:a amizade,
o companheirismo, a solidariedade!
Excelente post.
ResponderEliminarParabens ao anónimo pelo seu conteúdo. Pela verdade e pela exaltação de tão nobres sentimentos.