Um dos mais graves problemas do País tem sido a falta de consensos políticos que têm caracterizado a má partidocracia lusitana.
Defender a democracia não é fechar os olhos aos seus problemas: e uma das mais graves dificuldades inerentes a uma democracia jovem onde ainda falta muito caminho a percorrer para incrementar o nível de cidadania, é obstar a que se façam políticas limitadas a um ciclo eleitoral, sobrevalorizando o imediatismo, esquecendo que o drama do País não é o curto prazo, mas a absoluta necessidade de pensar o futuro!
Os políticos não gostam de recordar, mas Portugal é um País historicamente pobre, que nem conseguiu enriquecer, quando toda a riqueza do mundo passeava por Lisboa. Mais. Quando em todo o século XX o mundo progrediu economicamente, mesmo dividido por duas guerras, Portugal perdeu 80 anos orgulhosamente só na sua miséria!
Os factos provam que no último quarto do século XX o País evolui muitíssimo: mas os mesmo números provam que hoje somos uma sociedade estagnada, onde ainda falta fazer muito! A necessária e urgente revolução na economia com a definição de um novo paradigma de desenvolvimento, a reforma essencial na educação, a reforma urgente e inadiável na justiça, o combate à pobreza e à evasão fiscal (que não se deve continuar a confundir com não pagamento atempado dos impostos) exigem consensos alargados, obrigam os partidos a ser responsáveis, privilegiando o interesse nacional em detrimento de interesses conjunturais da baixa política!
Mas infelizmente a nossa classe política tem sido cega aos verdadeiros interesses do País: com excepção da questão de Timor e em certa medida com a adesão à Comunidade Económica Europeia (onde a direita mais nacionalista e a esquerda radical estavam em desacordo), nunca os partidos foram capazes de construírem os consensos necessários para permitir um sólido, estável e duradouro desenvolvimento.
Até há duas semanas: há duas semanas os partidos conseguiram finalmente sentar-se à mesma mesa e fazer um verdadeiro pacto de regime. O que seria bom. Ou mesmo óptimo. Não fosse esse o consenso para aumentarem obscenamente os seus próprios rendimentos, bem como permitir o regresso ao pior do financiamento privado, que volta a poder ser anónimo, escancarando a porta para a corrupção e tráfego de influências.
Da esquerda à direita, os partidos em ano de crise aumentaram os seus rendimentos, tirando dinheiro aos portugueses para gastar em cartazes, apitos e flautas, procurando com o ruído eleitoral disfarçar a generalizada falta de ideias e projectos, de pensamento coerente e não demagógico! A nova lei do financiamento dos partidos é um crime contra os portugueses e contra a democracia. A aprovação por todos os partidos com assento na Assembleia da República, deixa os cidadãos reféns de Cavaco Silva: apenas o Presidente pode acabar com esta vergonha nacional!
Adenda: Como presumem não combinei a crónica com o Engenheiro João Paulo Ramoa. Mas gostei de ler que pensa o mesmo que eu...
Adenda 2: Pode ouvir aqui a crónica. Com um lapso... giríssimo! Por vezes o inconsciente prega-nos rasteiras...
Defender a democracia não é fechar os olhos aos seus problemas: e uma das mais graves dificuldades inerentes a uma democracia jovem onde ainda falta muito caminho a percorrer para incrementar o nível de cidadania, é obstar a que se façam políticas limitadas a um ciclo eleitoral, sobrevalorizando o imediatismo, esquecendo que o drama do País não é o curto prazo, mas a absoluta necessidade de pensar o futuro!
Os políticos não gostam de recordar, mas Portugal é um País historicamente pobre, que nem conseguiu enriquecer, quando toda a riqueza do mundo passeava por Lisboa. Mais. Quando em todo o século XX o mundo progrediu economicamente, mesmo dividido por duas guerras, Portugal perdeu 80 anos orgulhosamente só na sua miséria!
Os factos provam que no último quarto do século XX o País evolui muitíssimo: mas os mesmo números provam que hoje somos uma sociedade estagnada, onde ainda falta fazer muito! A necessária e urgente revolução na economia com a definição de um novo paradigma de desenvolvimento, a reforma essencial na educação, a reforma urgente e inadiável na justiça, o combate à pobreza e à evasão fiscal (que não se deve continuar a confundir com não pagamento atempado dos impostos) exigem consensos alargados, obrigam os partidos a ser responsáveis, privilegiando o interesse nacional em detrimento de interesses conjunturais da baixa política!
Mas infelizmente a nossa classe política tem sido cega aos verdadeiros interesses do País: com excepção da questão de Timor e em certa medida com a adesão à Comunidade Económica Europeia (onde a direita mais nacionalista e a esquerda radical estavam em desacordo), nunca os partidos foram capazes de construírem os consensos necessários para permitir um sólido, estável e duradouro desenvolvimento.
Até há duas semanas: há duas semanas os partidos conseguiram finalmente sentar-se à mesma mesa e fazer um verdadeiro pacto de regime. O que seria bom. Ou mesmo óptimo. Não fosse esse o consenso para aumentarem obscenamente os seus próprios rendimentos, bem como permitir o regresso ao pior do financiamento privado, que volta a poder ser anónimo, escancarando a porta para a corrupção e tráfego de influências.
Da esquerda à direita, os partidos em ano de crise aumentaram os seus rendimentos, tirando dinheiro aos portugueses para gastar em cartazes, apitos e flautas, procurando com o ruído eleitoral disfarçar a generalizada falta de ideias e projectos, de pensamento coerente e não demagógico! A nova lei do financiamento dos partidos é um crime contra os portugueses e contra a democracia. A aprovação por todos os partidos com assento na Assembleia da República, deixa os cidadãos reféns de Cavaco Silva: apenas o Presidente pode acabar com esta vergonha nacional!
Adenda: Como presumem não combinei a crónica com o Engenheiro João Paulo Ramoa. Mas gostei de ler que pensa o mesmo que eu...
Adenda 2: Pode ouvir aqui a crónica. Com um lapso... giríssimo! Por vezes o inconsciente prega-nos rasteiras...
Ah! Agora é que sei deonde vieram as flautas :)
ResponderEliminarBrincadeiras à parte, tens toda a razão. No entanto, há países com muito mais anos de democracia e ainda estão longe de estar "bem" no mundo como por exemplo os EUA, embora que com esse actual presidente estão a dar um enorme passo nessa direcção, ou pelo menos a intenção para tal existe!
Em Portugal, tal como uma vez aqui disse, como é que a classe política pode ser melhor que o povo? Sem menosprezar ninguém, mas o quê é que o português realmente gosta? Ganhar o mais possível fazendo o mínimo necessário para tal! Patriotismo? Sim senhor, mas só quando é para uma boa causa ou causa comum, como por exemplo nas acções de solidariedade.
Primeiro é o próprio umbigo e só depois, mas muuuito depois, o bem comum, o bem do país. E os políticos? Como é que queriam que fossem diferentes? Impossível!
Agora, finalmente entendo a razão da existência de um PR em países como o nosso - sem ele, a classe política fazia só o que lhes apetecia...
@Zig - Colocas o dedo na ferida: nós temos um grave problema de cidadania. O resto são consequências, não causas!
ResponderEliminarTenho uma sugestão para o título: "Pobres, mas limpinhos"
ResponderEliminar"Vencer sem sentido" ou "A derrota da unanimidade"
ResponderEliminarChamar-lhe consensos politicos é muito boa vontade, há é interesses politicos, de politicos inferiores. O País não só atravessa uma crise econónmica, e já social mas acima de tudo uma crise de valores, isto é de homens sérios e competentes. O País encontra~se repartido pela ditadura dos partidos. Quanto ao título da sua excelente crónica não hesitava nada em chamar~lhe "Os imbecis"
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