segunda-feira, janeiro 19, 2009

100 razões para amar Beja - 12

O espólio da passagem alemã por Beja, parece-me uma razão de encantamento sobre a cidade! Confesso que tive dúvidas para catalogar esta razão, na desesperada escolha pelo vocábulo que me parecia o mais indicado. Como escrever sobre a passagem dos militares pela nossa cidade é penetrar no delicado campo que nos faz emergir uma complexa relação de amor e ódio, que caracteriza a relação que muitos de nós temos com a nossa Pax-Júlia.
Prometi a mim mesmo não tecer críticas nestas cem razões, uma espécie de catarze de muitas outras coisas escritas; mas hoje, é mais dificil do que nunca! O legado dos militares alemães é impressionante: um bairro com deslumbrantes condições e delineado com arte e engenho, um campo de futebol, a famosa mata de Beja (que com toda a certeza terá direito a um post!), um hotel, bares e restaurantes, uma ciclovia (construída numa altura em que a palavra ainda não existia no léxico lusitano) e uma base aérea que a incompetência dos homens ainda não permitiu que se tornasse um Aeroporto!
Entristece-me que nada mais tenha ficado da presença alemã que as infra-estruturas e o nosso amigo Zig. Devia ser motivo de reflexão, as complexas motivações para que a cidade não tenha optimizado o enorme espólio da Força Aérea alemã! Porque apenas analisando os erros do passado se conseguem impedir que se repitam no futuro os mesmos dislates...
Mas, este é um momento para pensar positivo e enaltecer as virtualidades; podia juntar ao que já escrevi, a importância da presença alemã para a economia regional, os cafés, bares, restaurantes, supermercados e algum comércio tradicional, que viveram naquela época os seus anos dourados! Mas afirmá-lo era contrariar as minhas mais intimas convicções, valorizar o acessório esquecendo o essencial; sim, porque o essencial da presença alemã foi o privilégio único de viver um choque de antagónicas mentalidades e culturas, permitir o convívio com a diferença, o papel decisivo na luta contra valores de conservadorismo provinciano, a irrepetível virtude que havia vida para além da planicie...

17 comentários:

  1. Anónimo00:23

    Mais um belo post!

    Boa semana!

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  2. Dessa estava eu à espera :))

    Mas descansa, "sobraram" mais alemães por cá, o nosso amigo Di Núncio é apenas um deles.

    Na lista de infrastructuras falta acrescentar a piscina descoberta e o mercado municipal. Mas, será mesmo só isso que sobrou da presença alemã? Creio que não. Muitas centenas de trabalhadores portugueses passaram pela base e continuam com as suas histórias por lá passadas a lembrar a presença dos meus conterrâneos.

    Pessoalmente digo que foram os meus melhores 4 anos da minha vida (1983-87), ganhava muito (em comparação com o que se ganhava cá fora) e fazia-se pouco. Hoje, é ao contrário...;)

    Claro que infrastructuras dessas nunca podiam ter sido mantidos como os alemães o fizeram. O enorme Bairro Alemão é disso apenas um exemplo. Costumo dizer que a FAP recebeu um presente que não quis, que não estava preparado para o receber.

    A questão dos comerciantes talvez seja um pouco enganador. Não eram assim tantos os alemães que se abasteciam em Beja e os que o fizeram iam a poucos locais restritos. Claro que era uma força consumidora considerável, mas não era assim tão grande como muitas vezes a descrevem.

    Já uma vez quis escrever juntamente com amigos meus uma espécie de um livro sobre a presença alemã em Beja e no Alentejo, mas falta-me o tempo para isso...;)

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  3. Anónimo04:57

    Já agora uma curiosidade que muito pessoal não sabe o "bairro alemão" era para ser muito maior do que acabou por ser, era para na versão original chegar praticamente ao Penedo Gordo.

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  4. Anónimo13:20

    A estadia dos alemães em Beja teve, como acontece sempre, coisas boas, outras menos boas e algumas mesmo más. Seria interessante fazer um debate acerca da presença dos alemães em Beja. Será que há 5o bejenses a isso dispostos? Ainda há meia dúzia de pessoas desse tempo. A talhe de foice lembro-me do Howel Franco e sua esposa, do João Espinho do Zig.Como estão a ver, não sou a pessoa mais acertada para tratar deste assunto. NO entanto, se aparecerem aqui 50 pessoas a dar o seu testemunho, prometo avançar com isso.M&M

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  5. O Zig tem de escrever esse livro, para a memória, se possível, contando também a visão alemã.
    Eu comprava esse livro!
    (se não fosse muito grosso!)

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  6. Anónimo14:40

    Subscrevo a sugestão do M&M. Seria importante debater um período da Cidade quase "esquecido" por uns e ignorado por outros...
    Parabéns pela ideia de apontar e descrever as 100 razões...

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  7. Os casamentos luso-germânicos são também uma consequência da presença alemã em Beja.Foi um fenómeno social que, segundo me parece, não foi devidamente estudado pelas ciências sociais.

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  8. @vitor - Tem total razão. Aliás, pensei ao escrever a ultima linha. Até porque por razões familiares, acompanhei o fenómeno!

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  9. @zig - Era um excelente documento histórico. E junto outro nome: o meu querido amigo Kelly!

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  10. No local onde vivia em Beja, havia uma família, da qual 2 das 3 filhas casaram com alemães que estavam a trabalhar na base.

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  11. E a torre do bairro alemão, aquele prédio que inovou e rompeu com a estética dominante na planície. Era uma delícia para todos nós, que frequentávamos a escola primária ali perto. Recordo com bastante simpatia os primeiros contactos com um elevador e um prédio taão alto. Às escondidas, entrávamos naquela torre e subíamos e descíamos de elevador, quando saíamos das aulas.

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  12. E a torre do bairro alemão, aquele prédio que inovou e rompeu com a estética dominante na planície. Era uma delícia para todos nós, que frequentávamos a escola primária ali perto. Recordo com bastante simpatia os primeiros contactos com um elevador e um prédio taão alto. Às escondidas, entrávamos naquela torre e subíamos e descíamos de elevador, quando saíamos das aulas.

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  13. Claro, o Kelly, ainda o Miguel das cozinhas, mesmo não ter estado na base como soldado, e outro que sinceramente não me lembro do seu nome, anda numa grande carrinha branca. Fora de Beja há inúmeros, na Cabeça Gorda, Beringel, Neves e mais longe, Algarve, Lisboa, Porto - you name it!

    Sabiam que a Torre está vazia??? Não se podia fazer ali casas para pessoal que tem poucas possibilidades em adquirir casa própria???

    Ainda o livro: Terei todo o gosto em colaborar na elaboração de um livro desses, agora, fazer eu próprio só das minhas experiências pessoais que não foram assim tão poucas - como por exemplo um casamento "inter-cultural" entretanto já desfeito...

    Só que, já passaram 14 anos desde que o último alemão ligado à essa base deixara o nosso Alentejo, qq dia cai no esquecimento...;)

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  14. Anónimo10:35

    E que dizer da Casa Alemã.
    Do casal Bernd e D.Céu e o "menino" que hoje é um Homem. Do excelente restaurante por onde passaram entre outros o Vital do "Pé de Gesso", como barman o Sr.João Barbas. Das segundas-feiras a ver as filmagens da Bundesliga (liga alemão de futebol), das Passagens de Ano, Os "estramelos" a 20 escudos, oas chocolates, e os fumadores, nunca fumaram tão barato, nomeadamente, Marlboro King Size, como nesse altura.
    E a acústica da sala, uma das melhoeres de Portugal. Ates de serem aquilo que sãohoje e já como Clube dos Sargentos da FAP, passaram Mariza, Mafalda Arnualt, o nosso saudoso António Heleno e muitos outros.
    A Carla Matadinho, ganhou ali a sua primeira coroa como miss, foi eleita Miss Sporting do Núcleo Sportinguista de Beja.
    Em função de casamento germano-austriaco, viveram em Beja durante muitos anos, a irmã (Erika) e o sobrinho de Arnold Schwarzenegger (PatricK), que jogou futebol na Zona azul.

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  15. Anónimo10:38

    Correcção de alguns erros (desculpem):

    E que dizer da Casa Alemã.
    Do casal Bernd e D.Céu e o "menino", o filho, que hoje é um Homem. Do excelente restaurante por onde passaram entre outros o Vital do "Pé de Gesso", o Sr.João Barbas, como barman. Das segundas-feiras a ver as filmagens da Bundesliga (liga alemão de futebol), das execelentes Passagens de Ano, Os "estramelos" a 20 escudos, os chocolates, e os fumadores, nunca fumaram tão barato, nomeadamente, Marlboro King Size, como nessa altura.
    E a acústica da sala, uma das melhores de Portugal. Antes de serem aquilo que são hoje, e já como Clube dos Sargentos da FAP, passaram Mariza, Mafalda Arnualt, o nosso saudoso António Heleno e muitos outros.
    A Carla Matadinho, ganhou ali a sua primeira coroa como miss, foi eleita Miss Sporting do Núcleo Sportinguista de Beja.
    Em função de casamento germano-austriaco, viveram em Beja durante muitos anos, a irmã (Erika) e o sobrinho de Arnold Schwarzenegger (PatricK), que jogou futebol na Zona Azul.

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  16. Anónimo14:42

    as primeiras gajas nuas e boas que vi na minha vida foi nas revistas alemãs que a minha vizinha trazia da casa deles. Que delicia a sexualidade precoce, em todo o seu esplendor e eu deliciado, babando-me ás escondidas,,,,M&M

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  17. Anónimo14:48

    Obrigado pela simpatia, LG.Falar dos alemães em Beja deve, em minha opinião tocar os seguintes temas: urbanismo e arquitectura, mudanças sociais(musica, sexualidade, hábitos)relações de amizade.eeeeeeeeeeeeeee

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!