Confesso ao meu bom leitor, que não é sem dificuldade e mesmo uma mal disfarçada angústia, que exponho a razão de hoje. Mas ainda que escrevendo contra os meus sentimentos, procurei ser racional e objectivo.
Fui orgulhosamente aluno da Escola Industrial, hoje baptizada com o nome de D. Manuel I e foi uma escolha da qual não me arrependo; dentro daqueles muros, que hoje contemplo enquanto escrevo estas linhas, passei seis anos maravilhosos e fiz amizades que o tempo e a distância é impotente para matar. Mas - e isto é doloroso de escrever, atentas as rivalidades juvenis - sou forçado a reconhecer que o Liceu merece a honra de ser uma das cem razões para amar Beja. 
Desde logo, tem do seu lado a história, o facto de ser uma escola que honra o distrito desde os tempos de D. Maria II, algures por 1850. Mas, mais que a história, um presente que a sabe honrar, o que se comprava pelo facto de ano após ano ter lugar destacado num ranking das melhores escolas do País, permitindo-nos ter a certeza que se pode viver em Beja e proporcionar aos filhos um ensino de excelência. 
Os detractores vão falar-me que o liceu é demasiado exigente e elitista, pelo que, adianto-me às criticas e deixo a questão: e qual o problema da exigência e do elitismo?
Se o elitismo é democrático, ou seja, se a todos é oferecida a possibilidade de dar o melhor de si, se criamos um ambiente de exigência e de mérito, onde aqueles que mais merecem e trabalham possam ter a melhor educação possível, então, vamos lançar vivas ao elitismo. E vamos juntar-lhe e incrementar-lhe o rigor e a exigência, estancar em grande rio que jorra facilitismo e hipocrita mediocracidade, abafar e matar esse primado de que a igualdade apenas se consegue nivelando por baixo. Se o liceu ganhou o prestígio que merece, deve-se a uma política de rigor, que hoje e aqui se aplaude, sem escamotear a dor no cotovelo desde que vos escreve!